6 dicas para visitar Atins, nos Lençóis Maranhenses.

Os Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses são top of mind dos destinos nacionais quando pensamos em natureza. Voltei após muitos anos e confirmei a impressão: não há outro lugar no mundo que apresente paisagem similar, onde dunas de areia branca, lagoas translúcidas de água fresca e um vento suave e constante se repitam por milhares de dezenas de quilômetros. A paisagem é mesmerizante. Dunas e lagoas são diferentes ente si e a cada passo que você dá, o ângulo muda e novas visões se descortinam. Quando você acha que não pode ficar mais lindo, uma nova beleza é revelada. Antes de fazer as malas, leia seis dicas de Atins, nos Lençóis Maranhenses.

1 – A época do ano é fundamental

As dunas são lindas, mas o que dá molho à viagem são as lagoas. Viajar numa época em que as lagoas estejam secas não terá metade da graça, a não ser que você pratique kitesurf. Historicamente, a melhor época para visitar Atins, nos Lençóis Maranhenses é de junho a setembro. As mudanças climáticas, porém, trouxeram um nível anormal de chuvas em 2019 e em maio já deu para aproveitar as lagoas em sua plenitude, com sol e pouquíssima gente.

Na baixa temporada também há restaurantes e pousadas que fecham, deixando a vila com menos opções de serviço.

Atins nos Lençóis Maranhenses
Escolha bem sua pousada para ativar o modo relaxamento em sua totalidade (foto: Luciana Guilliod)

2-É importante escolher uma boa pousada

Arrisco dizer que Atins é o lugar mais rústico que já fui no Brasil. 100% das ruas são de areia, a iluminação pública só chegou por lá no final de 2018, e em época de chuva algumas áreas do vilarejo ficam intransponíveis. As opções noturnas de diversão se resumem a restaurantes, uma cervejaria (artesanal, veja só) e bons livros e boas conversas. Atins é um lugar para relaxar, tomar café da manhã sem pressa e descansar na rede depois de passear. Você vai passar bastante tempo na sua pousada, então escolha a mais confortável que você puder.

O clima tranquilão também se estende à prestação de serviços. Atins não é o tipo de lugar onde as agências de turismo se enfileiram na rua, brigando por clientes. Assim, é melhor escolher uma pousada que se encarregue dos seus traslados, guias e tours. Tudo é pontual, mas às vezes demoram para responder uma mensagem de celular. Trate com uma só pessoa e confie que eles se entendem por lá.

Atins tem hotel de design e algumas opções de pousada confortáveis. Minha escolha foi a Muita Paz, pousadinha charmosa em frente à praia, com bangalôs pé na areia em meio ao coqueiral.

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3 – É mais caro do que parece

Rusticidade não é sinônimo de preço baixo: o isolamento de Atins encarece o custo de vida e produtos e serviços simples tem preço de cidade grande. Pelo mesmo valor de uma pousada em Atins, você encontra algo mais luxuoso em lugares como Búzios ou Arraial D’Ajuda. Um almoço com galinha, arroz, feijão e farofa sai por R$ 50,00. A lancha compartilhada com os nativos, que faz o trajeto entre Atins e Barreirinhas em 50 minutos, custa R$ 60,00. Não fiquei mais pobre nem faria escolhas diferentes, mas a expectativa era outra.

Ainda assim, para um grupo de quatro pessoas já vale a pena pegar transfers privados e viajar no seu ritmo e horário. A diferença, por pessoa, é de apenas uns R$ 30,00 a mais. Mais uma vez: peça ajuda à sua pousada para organizar.

Atins nos Lençóis Maranhenses
Em Atins, as ruas são de areia e com várias surpresas pelo caminho (foto: Luciana Guilliod)

4- É internacional

A pousada é de uma argentina, a pizzaria é de um italiano, o padeiro é francês. Para uma vila de 800 habitantes, Atins é surpreendentemente multicultural e com um hi-lo de serviços. Há mais gringos moradores (ainda que apenas em parte do ano) que visitantes e maranhenses de São Luis.

Há muito comércio na mão dos estrangeiros, mas a coisa é bem distribuída. Os restaurantes mais famosos da vila pertencem aos nativos, assim como grande parte do transporte da região. De qualquer forma, você terá a oportunidade de conhecer pessoas com diferentes experiências e backgrounds – não é pra isso eu a gente viaja?

As Dunas em Atins Lençóis Maranhenses
O sobrevoo dos Lençóis Maranhenses vale cada centavo (foto: Luciana Guilliod)

5 – O sobrevoo vale cada centavo

A passagem de avião do Rio à São Luís foi mais barata que os 30 minutos do sobrevoo, mas não importa: foi um investimento em emoções que vou saborear a longo prazo. O avião para apenas quatro pessoas voa a baixa altitude e é só de cima que você entende porque o lugar se chama Lençóis Maranhenses e tem noção de sua magnitude. É incomparável. Economize em outra coisa na sua cidade, mas faça o sobrevoo.

Minha viagem aos Lençóis seguiu uma ordem bem adequada, indo as paisagens bonitas aos momentos UAU!: passeio pelo Rio Preguiças e Pequenos Lençóis, passeio tradicional às lagoas do Parque Nacional, rolé particular nas lagoas fora do circuito, trekking até o primeiro oásis e sobrevoo. Recomendo demais.

6 – Tudo isso vale muito a pena

E porque se hospedar em Atins? Por lá, as lagoas são bem mais desertas e dá até para tomar banho pelado. É espetacular experimentar aquela natureza avassaladora apenas para você e seu grupo, sem camelôs nas ruas, motos nas calçadas ou um vizinho que abriu o porta-malas do carro para escutar brega em último volume (Barreirinhas, tô falando com você).

De Barreirinhas, visita-se as lagoas na borda do Parque Nacional, acessíveis por estrada. De Atins, com boa vontade dá pra chegar à pé e caminhando pela praia. Essa é outra vantagem de Atins: ao contrário das demais bases para o Parque, tem praia de rio e de oceano, onde rola um bom kitesurf. Em Atins, dá para sentir o relaxamento entrando pelos poros da pele.

Rio Preguicas em Atins
O delicioso Rio Preguiças (foto: Luciana Guilliod)

Bonus track Atins, nos Lençóis Maranhenses – a batalha dos camarões

Se você já deu um Google sobre Atins, sabe que há uma história de intriga familiar, traição e rivalidade envolvendo uma receita de camarão. No povoado de Canto de Atins, dois restaurantes, um em frente ao outro, disputam clientes e reviews no Trip Advisor como o melhor camarão do Brasil. Luzia e Antônio eram parentes e hoje são adversários, dividindo a mão de obra das cinco famílias que moram no Canto.

Em um esforço de reportagem, tive que experimentar os dois camarões. O veredito é: achei o do Antônio mais gostoso, mas o restaurante da Luzia (o primeiro a surgir por lá) tem um ambiente mais tranquilo. Viaje para Atins, nos Lençóis Maranhenses e venha nos contar o que achou. Cansamos de discutir política, bora discutir o melhor camarão?