Fazer a agenda para o SXSW requer uma boa pesquisa, daquelas que a gente realmente acha que não vai dar conta pelo tamanho da programação. Com a conferência “Música” não é diferente. Além de palestras, painéis, filmes, meet ups, há uma infinidade de shows, resultando em mais de 1.700 atrações de mais de 60 países se apresentando em Austin. Apesar da “Música” só começar no dia 14 de março, no dia 9, quando o SXSW começa com a programação de “Filme” e “Interatividade“, música já está presente permeando boa parte da programação do festival.
Vamos falar um pouco sobre o famoso RSVP?

Há uma tremenda confusão sobre o RSVP que, na maioria dos casos, não é necessário para quem tem badge Platinum ou Música. Durante o período do festival, Austin ganha uma programação intensa, tanto oficial quanto não oficial. No dia 9 de março, quando começam as conferências de Interatividade e Filme, as festas já acontecem dentro dessas programações, nas ativações feitas por países e marcas/plataformas com criação de casas e/ou lounges. Além disso, todos os bares e clubes na área central já tem, na maioria, programação rolando (não oficiais, mas geralmente é só chegar).
Algumas marcas criam ativações especiais premiando com ingresso para show. Um exemplo é a Samsung, que em uma edição levou os Strokes para tocar em Austin. Porém, era necessário fazer o RSVP e ir buscar a pulseirinha na Casa Samsung.
Tá, mas e o RSVP, para que serve? A maioria desses eventos especiais são abertos também para o público que não tem badge. Neste caso o RSVP é imprescindível. Está aí o lado “democrático” do festival.
As festas oficiais

Na primeira fase do festival, entre os dias 9 e 13 de março, há várias ativações com shows e festas rolando na cidade, além das festas oficiais de abertura das conferências Interatividade e Filmes. O line-up dessas festas nunca são divulgados com antecedência, mas raramente decepcionam. Foi numa festa de encerramento que assisti o Foo Fighters num show para apenas 2 mil pessoas.
No mesmo dia em que acontece a festa de encerramento de Interatividade, no dia 13 de março, acontece também a festa de abertura de Música, que já tem line-up anunciado, com shows do Superchunk, Starcrawler, Bad Gyal, Pussy Riot, Lali Puna e Boy Harsher.
Durante os dias 12 e 18 de março acontece a programação oficial de Música. Os bares, clubes, igrejas e casas de shows ganham outros “patrocinadores”, muitas vezes mudando até de cara. É show em todo lugar, incluindo na rua, o tempo todo. A festa de fechamento do festival promete ser épica com Night Train Soul Clap & Dance Off + Special Guests. Quem pensou em ir embora no dia 18 e puder esticar, vale a pena repensar. A festa vai do meio-dia à 1h, no Palm Door On Six.
Este é o momento em que showcases de selos, festivais, sites, países e marcas começam a todo vapor. Não é pouca coisa. É o primeiro exercício que faço para “tentar” filtrar um pouco do que ver. Afinal, a maior frustração é quando descobrimos um show de algum artista que gostamos muito, mas não ficamos sabendo que ele tocaria no festival.
As festas não oficiais
Mas também tem as festas não oficiais. Durante todo o festival os bares, casas de shows e igrejas abrigam shows e festas. Alguns estabelecimentos não estão na programação oficial. Então, geralmente, é só entrar e pagar o que consumir. Dois exemplos: o Dirty Festival, promovido pelo Dirty Dog Bar, que acontece entre os dias 9 e 17 de março, com shows de mais de 60 bandas; e o Fitvent, que tem dois dias de programação totalmente gratuita. Ambos não requerem RSVP e entra todo mundo.
As casas

Neste primeiro período (9 a 13 de março), Austin se veste de um jeito em torno do SXSW. Você verá as casas do Pinterest, Mashable, Accenture, African House (que está com uma programação bacana, mas não relacionada à música), Australian House, Amplify Filly, Casa Mexico, Singular DTV com show de Gramatik, German Haus (sempre imperdível), Bose (que vai apresentar som VR), Nerdist House, Vega, entre outras. Essas “casas” duram entre 1 e 3 dias para, depois, dar lugar a outras ativações totalmente focadas em música.
Quando acaba a conferência de Interatividade (13.03), Austin muda totalmente o mood. Fica mais jovem, festeira e até mesmo mais “descolado”. Tem também mais filas nas ruas (para bares & casas de shows) e a 6th Street fica quase intransitável. Neste segundo momento misturam-se o público que não tem badge ao público que tem. Lembrando que, agora, qualquer pessoa com badge tem acesso a toda a programação, mas por ordem de preferência. Ou seja, música sempre vai priorizar quem tem badge Platinum e Music e quem tem wristbands, tem a mesma prioridade de quem tem badges Interactive ou Filme.
Wristband
A wristband dá direito apenas aos shows oficiais e não à conferência de música. Custa US$ 169 e só pode ser comprada por residentes de Austin, que tem direito a duas por pessoa. Ou seja, se tem amigo lá, quer curtir shows, mas não está afim de desembolsar o valor da badge, essa é uma ótima opção.
Navegando na conferência Música

Para navegar durante o festival de música há muitos macetes. Para os shows mais concorridos que você quer muito ver, vale a pena tentar o SXXPress. Quem tem a badge de música, pode “cortar a fila” duas vezes por dia, enquanto a badge platinum dá direito a três fura-filas diariamente. É necessário fazer a solicitação 24 horas antes na agenda no app. É uma mão na roda, mas não garante sua entrada caso o local esteja cheio. Por isso, a dica é: se tem um show às 21h que você não quer perder, chegue pelo menos um show antes.
Showcases

A lista abaixo não tem todos os showcases que serão apresentados durante o festival, mas alguns dos mais relevantes, além também de ter privilegiado apresentações específicas de países:
- O Radio Day Convention Center, fica numa das salas ocupada por palestras durante a conferência de Interatividade no ACC, virando um palco com shows diurnos. É perfeito para respirar entre uma palestra e outra. Nesta edição tem shows Wye Oak, Sudan Archives, Frank Turner, por exemplo. Eles montam até um bar para vender cerveja dentro da sala;
- BBC Music @ British Embassy traz um belo panorama da cena musical britânica no Latitude 30;
- Berlin Beats faz showcase, mostrando um pouco do que rola na cena dos clubes em Berlim, apresentado pelo Musicboard Berlin no Barcelona, com lives e djs;
- Hamburg x Berlin Music, na Barracuda, que também hospeda a German Haus, traz mais shows de artistas alemães;
- Sounds from Chile acontece no Friends, que também recebe shows avulsos curados pela casa e um showcase do festival alemão Repeerbahn, com hip hop, música eletrônica e pop;
- Holodeck Records faz showcase de synth-pop e shoegaze em conjunto com o Levitation Festival, no Hotel Vegas;
- e outro showcase num dos lugares mais especiais de Austin, a Central Presbyterian Church;
- O Canadá estará bem representado com os festivais Pop Montreal no Swan Dive, e com o Halifax Pop Explosion, noSwan Dive Patio. O Bugalow recebe showcases também com bandas canadenses do Manitoba Music/Sask Music/M4Montreal;
- Sounds from Colômbia você curte no Speakeasy, bar que também abriga um showcase especial de Porto Rico;
- O Red Light Radio,de Amsterdã, faz showcase de música eletrônica no Plush. O bar segue depois com showcase da agência de DJs Rogue Agency;
- O Pandora tem sempre uma programação com grandes nomes no line-up. Nesta edição tem Kelela, Lil Xan e Salt Cathedral. A casa, uma das mais concorridas do SXSW Music, é no Gatsby;
- Para ouvir um pouco o que anda rolando do outro lado do mundo, o Korea Spotlight traz artistas da Coréia do Sul para tocar no Belmont, onde o coletivo Pussy Riot se apresenta também no dia 14 de março;
- O bar Buffalo Billiards traz uma programação dedicada ao rap e hip-hop com diversos showcases;
- O Gorillas vs Bear, blog de Austin dedicado à música indie, apresenta showcase no Seven Grand;
- Polivinyl Record, selo indie, no Cheer Up Charlie’s, que depois tem showcase do selo AdHoc;
- We Are Hear, selo da cantora Linda Perry, que também faz show, no Townsend. O showcase tem, na maioria, cantoras e bandas lideradas por mulheres;
- Os festivais Secret Stages e Focus Wales apresentam também showcases no Townsend;
- Showtime House, China Night (com música eletrônica) no Austin City Limits Live
- O clube Vinyl Me Please faz showcase no Empire Control Room;
- O selo Stones Throw se apresenta no Empire Garage com shows de soul, funk, jazz e hip hop;
- Diet Coke tem casa no Grimes. Promete música, mas não compartilhou a programação;
- O selo Golden Hornet é de Austin e foca em compositores . O showcase vai ser no Hideout com shows música experimental, rock, folk e até música clássica;
- O Elysium tem quatro showcases distintos, o Taiwan Beats, com música eletrônica, hip hop e world music; a rádio KCRW, com rock, jazz e pop; Sounds from Norway e, por fim, showcase do selo indie Cleopatra Records;
- O site de música glamglare faz curadorias de shows no Iron Bear;
- Bandsintown Big Break, programa do Bandsintown focado em artistas emergentes, apresenta showcase no Javelina;
- Sounds from the World, que inclui show dos brasileiros Liniker e os Caramelows e Muntchako, acontece no Palm Door on Sixth Radio e na Russian House;
- O selo Get Hip Recordings apresenta showcase no Lamberts, dividindo a temporada com o selo New West;
- Sounds of Japan estará no palco do Maggie’s Mae. Eis uma venue que nunca tem erro. A programação é sempre boa, sendo metade dela curada pela própria casa;
- Nashville House ganha dois palcos na Maggie’s Mae Gibson Room e um no Rooftop. O primeiro também abriga showcase da Itália;
- Twix House sempre tem programação concorrida. Estará na Lustre Pearl e tem nomes como Japandroids, Classixx e Wye Oak no line-up;
- Quem quiser ouvir bandas da Austrália é só colocar o Lucille na agenda;
- Para amantes do jazz, o The Main II recebe uma programação especial curada pelo Jazz Re:freshed Outernational;
- A plataforma Deedo traz uma amostra da produção musical do Senegal e Cabo Verde, no Malverde;
- Sounds of Hungary rola no Palm Door On Sabine;
- O selo Killing Moon & Reverbnation faz showcase indie & folk no Seven Grand;
- Os produtores de festa novaiorquino IRL Music faz showcase no The Sidewinder Inside;
- Não deixe de assistir pelo menos um show na St. David’s Church. No dia 13 tem show da Lucy Rose;
- Hip hop, R&B estarão bem representados no Tap Room at the Market;
- O The Velvetia Room recebe vários showcases interessantes, como o BPM Concerti (Itália), Music from Ireland, e do selo Exploding in Sound Record;
- Quem quiser prestigiar nossos conterrâneos, a maioria se apresenta no CU29;
- A “deliciosa” plataforma Turntable Kitchen se junta com a Fancy PR para um showcase no The Sidewinder Inside;
- O selo de Austin, Chicken Ranch Records, faz um showcase bem rock’n roll no Valhalla, enquanto a Tiger Bomb Promo, selo que tem Belle & Sebastian no seu casting, apresenta bandas de rock, punk e pop.
Ficando por dentro da programação
Além disso, para ajudar na árdua tarefa de curadoria do que ver, vale a pena:
- Ficar de olho nas notícias no próprio site de música do SXSW;
- Ouvir a rádio SXSWfm, o playlist oficial no Spotify e os clipes dos artistas no Youtube. Eu opto pelo primeiro, pois é um programa de rádio e vem com informações extras. Geralmente dou o play enquanto estou trabalhando e vou atrás se alguma música me chama muito atenção;
- Conferir os sites como o Festival Saviors, RSVPster, o guia SXSW do do512, o Austin 360, e o Eventbrite, que também faz um especial SXSW. Todos esses contemplam programação oficial e não oficial;
- Também dou uma espiada na Time Out;
- Acompanhar a hashtag #SXSWMusic, no Twitter;
- Para saber o que está rolando de melhor nas festas não oficiais, o Unnoficial Guide SXSW.
E, claro, a indicação dos amigos, além de se permitir a arriscar também. Eu raramente cumpro 50% da minha agenda de música, pois gosto de entrar em lugares porque algo me chamou atenção. Já descobri ótimos artistas dessa maneira e já vi shows inesperados, que eu não sabia que iriam rolar. Além disso, é bom saber que rolam muitos shows que não são anunciados. Um exemplo é a agenda da Capital One, que terá a programação no Antone’s, que teve divulgação apenas da agenda de palestras. Já os shows foram divulgados por alguns sites com bandas como Warpaint, Neon Indian, St. Motel, Matt & Kim, Benjamin Booker, Shakey Graves, entre outros, no line-up. É de dar aperto no coração.
Neste link você pode conferir nosso guia geral para curtir o SXSW sem perrengue. Logo mais, começo a soltar posts com listas de artistas que valem a pena ficar de olho e alguns shows imperdíveis que vão rolar nesta edição. Eu também disponibilizei a minha agenda do SXSW, abrangendo Interatividade, Filme e Música.