Nós já comentamos nesse artigo que o Burning Man tem mais de 60 eventos regionais pelo mundo. Adivinha a hora de quem chegou? Pois parece que dessa vez realmente sai do papel. O Tropical Burn, nossa versão tupiniquim acontecerá em uma praia no Nordeste em 2019, com data a confirmar.

Mas começando do começo…
O que é o Burning Man?
Burning Man é aquele festival bacana que você pode se vestir de unicórnio na areia, certo? Errado! Volte 3 casas.

Ou leia aqui que a gente ajuda. Pra começar, prefere-se sempre mencionar que não é um festival. É uma comunidade que se reúne para um experimento social. É um lugar onde se permite experimentar novas “regras do jogo” que são distintas da que vivemos. Afinal, dinheiro é inventado, empresas são inventadas, países são inventados, constituições são inventadas – tudo isso são regras e códigos desse contrato social que chamamos de “normal”. Essa comunidade, até por isso sempre chamada de contra-cultura, se permite explorar: e se dinheiro não existisse? E se não existissem marcas, corporações? E se existisse abundância de recursos? E se fossemos responsáveis por tudo que fazemos – sem garis para limpar nossas ruas, sem alguém para trazer água para nossa casa? E se pudéssemos nos expressar e vestir o que quiséssemos? E se o que é lindo é também efêmero? Em algum tempo e espaço, alguns desses conceitos não são quebrados – e sim investigados. Por isso que o Burning Man é tão transformador – permite olhar nossa própria realidade de outra perspectiva.
“O Burn é uma oportunidade de explorar a diversidade da expressão humana, da construção de novos valores, de compartilhar um novo sistema, baseado em outros princípios” – diz Devas, artista plástico e contato regional do Burning Man no Brasil.

O Burning Man nasceu em 1986 em Baker Beach, San Francisco, e somente em 1990 se mudou definitivamente para o deserto de Black Rock em Nevada. O festival não parou de crescer desde então: a edição original nos EUA já tem em torno de 70 mil pessoas entre agosto e setembro. E também diferente de um festival, o Burning Man não tem espectador. É construído junto com os participantes do começo ao fim. E isso é real.
Princípios, mas que princípios?

São 10 os princípios, que falam desde a oportunidade de auto-expressão até a responsabilidade por si próprio. Alguns valores são muito importantes de serem conhecidos desde o princípio:
‘One burner, one shift‘: quando você compra seu ingresso para o Burn, você está ciente de não ser um mero espectador, e sim um participante. Só existe a cidade porque grupos montam acampamentos temáticos, porque artistas fazem obras, e porque há muitos, muitos voluntários. Desde a limpeza, o posto médico, segurança das fogueiras, recepção de novatos, etc., as atividades são feitas pelos próprios participantes.
‘Leave no trace‘: um dos pilares dos Burns é o respeito à natureza, e para tanto, quando o festival acaba, não deve sobrar rastro do que aconteceu. Então você tem que se responsabilizar por todo o teu lixo o tempo todo. Você carrega a tua latinha de cerveja, a bituca do cigarro, o papel do chiclete e o paetê que caiu do chapéu, para levar tudo embora no fim. Se cada um cuida da sua sujeira, tudo vive limpo.
‘Each one teach one‘: mais um exemplo de efeito dominó do bem. Cada um tem a responsabilidade de ensinar o que aprendeu para o que ainda não sabe.
Burns regionais

Não é só aqui. Além de ter crescido em público, o festival também tem ganhado edições em várias partes do planeta, incluindo a África do Sul, o AfrikaBurn, que já participamos aqui no blog duas vezes e também já contamos da nossa primeira e segunda experiência.
A vantagem dessas edições é experimentar o Burning Man de alguns anos atrás, quando o festival era muito menor e não uma quase megalópole no deserto. Todos eles tem em comum os 10 princípios que permeiam o Burning Man.
Mas se você pensa que todo Burn tem deserto e tempestade de areia, não poderia estar mais enganado: são adaptados de acordo com o local onde acontecem.
No país de Gales, por exemplo, o Burning Nest acontece desde 2013 num belo vale perto de Port Talbot.

Já o The Borderland, na Escandinávia, acontece desde 2011 em Boesdal Kalkbrud, no litoral sul da região (1h30 de Copenhagen).

Mas que história é essa de Burn no Brasil?
Os Burns são cheinhos de brasileiros há muito tempo. Nós mesmo aqui do blog já tivemos um acampamento com mais de 21 no Afrika Burn, e em Nevada há vários acampamentos cheio de nossos conterrâneos. Devas, por exemplo, fazia parte de um grupo chamado Brazilian Burners, que vão ao festival e organizam acampamentos por lá desde 2011. Em 2015 o Devas e amigos organizaram a primeira instalação de arte no festival feita por brasileiros – o Projeto Mangueira.

Como participar

Pela repercussão no meu Facebook quando mencionei que era voluntária, todo mundo quer participar. Então antes de sermos todos afobados se inscrevendo na equipe de voluntários, é preciso saber que há muitas formas de se juntar à iniciativa. BORA LÁ?
E que tal um Burn na Argentina?
