Mais uma vez Austin será o centro das atenções para quem gosta de música, pois neste final de semana a cidade receberá o Austin City Limits Festival, um dos melhores festivais do planeta. A capital do estado do Texas é uma cidade de população jovem e cheia de malucos-beleza, estudantes, profissionais de tecnologia e toda a sorte de músicos. O lema da cidade, muito apropriado, é “Keep Austin weird”, o que os habitantes fazem questão de levar ao pé da letra. A cidade também leva o apelido de “capital mundial da música ao vivo”. Não é para menos, pois Austin tem pelo menos três grandes festivais – South By Southwest, Austin Psych Fest ou Levitation e o próprio City Limits – e mais uma centena de casas de show, clubes e espaços aonde não faltam bandas boas e dos mais variados estilos.
A história do festival remete lá para o meio dos anos 70. Tudo começou com um programa local, transmitido pela rede pública de televisão, chamado Austin City Limits. Originalmente, o programa tinha a intenção de promover a música local, calcado no country e no blues texano. Porém, com o aumento da audiência ao longo do tempo, passou a receber bandas e artistas de outros gêneros. Os programas têm um formato mais ou menos definido, onde a atração toca ao vivo – sem playback – para uma plateia formada por convidados ou pessoas que se inscrevem para assistir à gravação. Foram centenas de bandas e artistas que passaram pelo palco do programa, indo de Buddy Guy ao Nine Inch Nails. O Austin City Limits é o programa há mais tempo no ar no mundo todo, completando 40 anos em 2016.
Como desdobramento do programa, o primeiro Austin City Limits Festival rolou em 2002, de forma tímida e com duração curta de dois dias. Depois de dez anos de sucesso neste molde, em 2012 o Conselho da Cidade aprovou o pedido de ampliação e o festival passou a ter dois finais de semana, ou seja, seis dias inteiros de shows, sempre no final de Setembro e começo de Outubro. Passou a ser também uma referência, apresentando bandas que estourariam para o mundo no futuro e atrações de peso, como o caso de Amy Winehouse, Flaming Lips e Drake.

Completando 15 anos de existência, a edição deste ano está especialmente caprichada, uma avalanche de atrações divididas nos dois finais de semana. Destacamos alguns shows imperdíveis, algumas bandas que merecem atenção e as apostas de bons shows, com artistas que geralmente ficam com as letras miúdas no pôster do evento. Inclusive, o Chicken Or Pasta estará por lá e trará notícias e fotos quentinhas de tudo que rolar de interessante. Vamos lá?
Headliners
Radiohead
Nesta altura do campeonato, nem precisamos explicar o motivo do Radiohead ser imperdível, né? Donos de um dos melhores discos do ano, a banda chega a Austin afiadíssima, depois de correr a Europa com a turnê de promoção do disco ‘A Moon Shaped Pool’. A banda se apresenta fechando as duas sextas, dias 30.09 e 07.10.
Kendrick Lamar
O rapper mais fodão do momento, Kendrick tem somente três discos (e algumas mixtapes) no currículo, mas já tem banca e moral de fechar os dois sábados de um festival deste porte. Considerado um gênio do hip-hop graças ao seu flow inacreditável, suas letras complexas e cheias de referências que vão desde a desigualdade social até o universo do puro pop, e pela produção esmerada de seus discos, Kendrick Lamar tem tudo para fazer um show histórico.
LCD Soundsystem

Ok, fomos enganados mais uma vez. A banda anunciou sua aposentadoria em 2011, fazendo todo mundo ir aos shows de despedida, comprar camiseta, o vinil, o DVD e tudo mais. Mas no final do ano passado eles mudam tudo e resolvem voltar a tocar juntos, anunciando as datas de uma extensa turnê. Alguns fãs ficaram muito putos com essa história, o que já rendeu muito papo e mimimi nos fóruns e redes sociais. Refletiu inclusive em shows recentes da banda, com plateia esvaziada e pouca animação. Mas afinal, quem se importa? O LCD Soundsystem ao vivo é um arregaço e tem um caminhão de hits capaz de levantar qualquer audiência.
Vale muito ver
Flying Lotus

Steven Ellison, nome real do Flying Lotus, é um artista completo. Além de ser produtor de mão cheia, é músico, DJ, rapper e compadre de uma gama imensa de nomes importantes da cena eletrônica, do rap experimental e do hip-hop old school. No ano passado ele se apresentou nos maiores festivais do mundo como Boonaroo, Coachella e Glastonbury e chega ao Austin City Limits com sangue nos olhos para fazer um showzão!
Banks & Steelz
A improvável junção de um Wu-Tang Clan com o vocalista do Interpol, a dupla Banks & Steelz (Paul Banks e o rapper RZA) lançou seu disco de estreia este ano e vem correndo o mundo se apresentando ao vivo. O som dos dois é exatamente o que se espera desta mistura, um indie rock denso com a verborragia típica do rap, elevado à enésima potência quando estão em cima do palco.
Schoolboy Q
O novo queridinho do universo hip-hop, Schoolboy Q é parte da gangue do Kendrick Lamar e Snoop Dogg e apadrinhado pelo Kanye West. Acabou de lançar seu quarto disco e recebeu uma porrada de estrelas nas publicações especializadas. Umas das atrações mais esperadas do festival, pois seus shows costumam ser cheios de energia e podem rolar participações especiais.
LL Cool J feat. Z-Trip
Vish, isso vai ser foda! A lenda LL Cool J tendo como DJ ninguém menos que Z-Trip! Esta colab tem rolado em shows esporádicos e agora se apresenta em um festival de grande porte. LL Cool J sabe segurar uma plateia grande e terá como escudeiro das pick-ups o virtuoso Z- Trip, um mestre do turntablism e que curte mudar os arranjos e samples quando toca ao vivo. Grandes chances de enlouquecer o público presente.
Haim

As três irmãs do Haim só tem um disco até agora – o bom “Days Are Gone” – mas conquistam fãs a cada aparição, seja ao vivo, na tv ou pela internet. Mandando um pop rock muito bem feito e as harmonias vocais perfeitamente encaixadas nas suas músicas, o grupo cresce ao vivo e afia ainda mais sua mistura de rockão clássico setentista com pitadas generosas de R n’B.
Nossas apostas
Raury: Cruzamento delicioso de soul, hip hop e folk, lançou seu disco de estreia ano passado. Ouça
Anderson Paak: Produtor, rapper e cheio de projetos paralelos. Já tem pelo menos dois discos clássicos para a galera mais atenta, os ótimos “Venice” e “Malibu”. Ouça
Tennyson: Dupla novíssima de música eletrônica, eles constroem paisagens musicais usando teclados antigos, bateria analógica e vocais esparsos. Ouça
Walker Lukens: Local de Austin e com algumas bandas psicodélicas no passado, o cantor só tem um EP gravado, o legalzão “Never Understood”. Ouça
Jack Garrat: Branquelo inglês que mexe com trip-hop e segue a linha do novo R n’B de Frank Ocean e Blood Orange. Ouça
Margaret Glaspy: Ela mesmo produziu seu último disco, com forte influência de P.J. Harvey e Patti Smith. Ouça
Nawas: Dupla de Nashville que tem o Prince como Deus e Justin Timberlake como anjo da guarda. Introspectivo, sombrio e dançante ao mesmo tempo. Ouça