Meu pai conta que, em 1974, ele estava em Lima, no Peru, para um campeonato de Bridge. Eram 9 horas da manhã, ele ainda estava dormindo depois de jogar até tarde no dia anterior, quando ele foi acordado pelo pior despertador da vida dele: um terremoto de 8 pontos na escala Richter, que durou longuíssimos 90 segundos. Assustado, e por puro instinto, ele correu para o vão da porta do banheiro e esperou o tremor passar. Quando o mundo parou de sacudir, ele e todos os hóspedes do hotel correram em seus pijamas para o lobby do hotel. O gerente sabia que o melhor que podia fazer naquele momento era acalmar os ânimos e não teve dúvida. Mandou abrir o bar e distribuir de graça pisco para todo mundo. Logo de manhã.
Gracinhas à parte, a situação que meu pai passou pode acontecer com qualquer um. E em tempos de aquecimento global, parece que o Planeta Terra está querendo se vingar de leve de nós. Recentemente um abalo sísmico devastou uma grande região no norte do Chile, e neste final de semana a Nova Zelândia recebeu aviso de alerta para um tsunami, depois de um tremor no Pacífico Sul. Então eu te pergunto: no caso de um terremoto, você sabe como agir?
Primeiro vamos a alguns fatos. O terremoto, como todo mundo sabe, é causado pela movimentação das placas rochosas da superfície terrestre, ou pela movimentação do magma e dos gases nas camadas internas do globo. A maior parte dos abalos que ficamos sabendo, até por serem em zonas habitadas pela humanidade, acontecem nas falhas tectônicas. Essas podem ter alguns centímetros ou até milhares de quilômetros, como é o caso da Falha de San André, na California. Só nos Estados Unidos acontecem de 12 a 14mil terremotos de graus diversos por ano. Mas muitos tremores acontecem no fundo dos oceanos, e apesar de não o sentirmos, eles podem causar maremotos ou tsunamis devastadores, como o que aconteceu no Oceano Índico em 2004, e o que acarretou no desastre nucler de Fukushima em 2011.

A medição dos abalos segue a escala Richter. Essa escala, por enquanto, determina a intensidade dos terremotos entre 0 e 10, mas 10 é só o limite do que a ciência conhece do que um terremoto pode ser. Ou seja, um dia podemos ampliar a escala a 11, 12, ou mais. Mas por ora, estamos bem só com 10. Os tremores acima de 7 pontos já são considerados de alto risco, podendo abalar estrutura de edifícios e casas. Os tremores mais intensos já registrados foram no Chile, em 1960, com 9,5 pontos, e um no Alasca em 1964, com 9,2.

Por sorte, o Brasil está a salvo dos grandes terremotos por estar bem no meio de uma placa tectônica. Os lugares que tem mais risco de sofrer abalos formam o chamado Círculo de Fogo do Pacífico. Essa grande placa começa no sul do Chile, sobe pelos Andes e Montanhas Rochosas, passa pelas Ilhas Aleutas e desce pelo Japão, Filipinas e Nova Zelândia. Só nessa área acontecem cerca de 80% dos tremores. A segunda região sujeita é pela linha do Mediterrâneo, e vai do Estreito de Gibraltar na Espanha até o Sudeste Asiático. O Japão, coitado, é o país que mais sofre. Isso porque ele fica bem no encontro de 4 placas tectônicas.


Mas o que fazer se estiver no meio de um terremoto? Várias informações são amplamente ensinadas nos países sujeitos a eles. Por aqui, como estamos tranqüilos, quase ninguém sabe. Mas aqui vai uma série de medidas para ajudar.
Durante o terremoto:
– Primeira medida, sempre, é manter a calma, obviamente.
– Se estiver dentro de um recinto, proteja-se de coisas que possam cair. Fique longe de estantes e armários. Entre embaixo de alguma mesa, ou fique embaixo do vão de uma porta. Se puder, cubra a cabeça com um travesseiro ou uma toalha.
– Se estiver dirigindo, diminua a velocidade devagar e estacione no acostamento. Deixe a rua livre para ambulâncias e carros de resgate. Destranque as portas, mas mantenha os vidros fechados.
– Se estiver ao ar livre, proteja a cabeça de estilhaços, com uma bolsa por exemplo. Procure refúgio embaixo de alguma árvore ou perto de um muro sólido. Fique longe de janelas e vidros. Cuidado com postes, placas e fiação de energia.
Passado o terremoto:
– Calce sapatos e certifique-se que todos a sua volta estão bem.
– Veja se não há nenhum fogo de incêndio. Fogões e equipamentos a gás devem ser desligados. Energia elétrica deve ser cortada (no quadro de luz).
– Abra portas e janelas e deixe o caminho de saída livre. A estrutura da edificação pode sofrer abalos, o que pode travar algumas aberturas.
– Saia para uma área livre e tente se informar sobre o risco de maremotos. Se estiver saindo de casa, deixe um bilhete com um ponto de encontro para sua família.
Foto de destaque: Shutterstock – IrinaK