Tudo começou pouco mais de 15 anos atrás. O único herdeiro do gigante Grupo Jumex (Jugos Mexicanos), Eugenio López Alonso, fervoroso colecionador de arte, montou a coleção que levaria o nome da sua empresa, e abriu suas portas ao público em 2001. A visita à Saatchi Colection, em Londres, o inspirou a montar um espaço com cara de museu. O primeiro prédio, um cubo branco dentro das enormes dependências da fábrica, não pegou. A distância da cidade (quase 20km) e as regras de segurança (as visitas aconteciam apenas com hora marcada) mantiveram o público longe.

Em 2013, ele enfim deu um passo à frente e construiu o Museo Jumex, com toda a classe e histrionismo que tinha direito, em Nuevo Polanco, dentro da Cidade do México. O projeto, do arquiteto inglês David Chipperfield, misturou fartamente o concreto minimalista e o travertino trabalhado, abusando da luz natural com as clarabóias dos sheds, que dão a forma de uma fábrica à construção. 14 colunas destacam o prédio do solo, formando uma grande praça permeável no nível da rua.

No total, são 4200m2 de amplos espaços e uma coleção de dar inveja. São mais de 2700 obras de gente grande como Jeff Koons, Olafur Eliasson, Tacita Dean, Dan Flavin, Donald Judd, Paul McCarthy e de mexicanos célebres como Abraham Cruzvillegas e Mario García Torres. O museu ainda tem um forte programa de atividades educacionais e hospeda ainda uma série de exposições temporárias, como a primeira individual de Cy Twombly na América Latina.


Exatamente ao lado, e contrastando violentamente na forma, fica o icônico Museo Soumaya. Suas curvas sinuosas criam a volumetria de uma ânfora, inteiramente revestida de placas hexagonais de alumínio, sem a abertura de uma janela sequer. O arquiteto mexicano Fernando Romero optou por deixar toda a iluminação natural e a ventilação virem da cobertura. Por dentro, o espaço expositivo contínuo serpenteia pelos seis andares do museu. Na construção, estiveram envolvidos também Ove Arup e Frank Gehry.

A coleção é em sua maioria dedicada ao trabalho de artistas latino-americanos, sendo considerada a maior do mundo no gênero. São mais de 66 mil obras, indo desde peças da era pré-hispânica, passando pela arte mexicana dos séculos 19 e 20, exibindo ainda o último mural de Diego Rivera. Isso não quer dizer que não haja espaço para os grandes mestres europeus. Entre Da Vincis, Tintorettos, Dalís, Renoirs, Toulouse-Lautrecs e Picassos, o museu ainda tem a maior coleção particular de esculturas de Rodin do mundo. Logo na entrada, o grande salão branco é reservado para a famosa estátua O Pensador. Quer saber o melhor? A entrada é gratuita, sempre. Também pudera. A instituição foi fundada e é mantida por Carlos Slim, eleito pela revista Forbes o homem mais rico do mundo em 2010. Hoje ele é só o número 15, coitado.



Endereço: Blvd. Miguel de Cervantes Saavedra, 303 – Plaza Carso
Metrôs San Joaquín e Pelanco – Linha 7
Museo Jumex – De terça a domingo, das 11h às 20h. Ingressos: $50 (cerca de R$11)
Museo Soumaya – Todos os dias, das 10h30 às 18h30. Entrada livre.
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