Eu não me considero pessoa chata para comer. Aliás, depois que provei caracóis com a Didi Wagner no Lugar Incomum (se você não viu e quer ver, o vídeo está aqui), muita gente elogiou a minha ‘coragem’. Eu não acho que caracóis sejam um prato que exija coragem para comer, mas aceitei os cumprimentos. E depois fiquei pensando o que é que eu não tenho ‘coragem’ de comer nessa tão variada cozinha portuguesa. E então cheguei à lista abaixo.
Pezinhos de coentrada – É um prato típico alentejano cujo nome é autoexplicativo: tratam-se de pés de porco cozidos com coentro e outros temperos, que resulta num ensopado cheio de sustância a ser comido com pão. Eu dou muito valor ao sabor que o pé de porco pode dar à comida – em especial à feijoada – mas um ensopado só de chispe, eu já não encaro. Ao menos sozinha.

Orelhas de porco – Dia desses conheci uma pessoa que me narrava as maravilhas desse petisco, outro prato típico alentejano (deu pra perceber que no Alentejo não tem frescura, né?). Enquanto a tal pessoa dizia como era deliciosa aquela carne molinha por fora contrastando com a crocância da cartilagem, eu tinha trecos. Desculpem lá, mas eu tenho problemas com cartilagem. Passo. Ah, a salada de orelhas de porto é um prato ótimo para o verão. Dizem.
Línguas de bacalhau – São encontradas em salmoura ou congeladas e dizem que, se na prática são mesmo línguas (devido à localização anatômica), na realidade são um outro músculo do peixe, que tem uma cobertura gelatinosa e deliciosa. Há quem as faça fritas, misturadas ao arroz, ensopadas com coentros e batatas. Se você provar alguma versão, me conta como é.

Papas de Sarrabulho – É um prato do Norte, forte, típico de inverno e feito com carne de porco, enchidos de porco e sangue de porco – e mais outros tantos ingredientes. Uma amiga já me disse que isto é uma iguaria imperdível e chegou a me indicar o lugar que faz ‘as melhores Papas de Sarrabulho de sempre’. Eu lembro dela falando e rio sozinha pensando que, no máximo, provo uma garfada se outra pessoa da mesa pedir o prato.

Esse post foi criado pela Flávia Motta e originalmente postado no Almost Locals, parceiro de conteúdo do Chicken or Pasta
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