Vira e mexe alguém faz algo maluco e um bando de gente sem noção repete o feito, a coisa explode, e vira moda. Entre plankings e desafios da canela, hoje em dia jericos estão se espalhando como brasa na palha. Mas algumas dessas modas vão além de tiração de sarro, e podem ter conseqüências pesadas para os agitadores.
Recentemente, foi descoberto nada menos que o quinto caso de turista tirando foto como veio ao mundo dentro do maior e mais sagrado conjunto de templos do Camboja, o Angkor. O último foi uma foto do fotógrafo alemão Simon Lohmeyer, em que aparece um casal nu usando máscaras de macaco. O título da foto é ‘Hakuna Matata’. Como ela foi encontrada no Facebook do artista, a princípio nada pode ser feito pelas autoridades cambojanas. Mas em outros dois casos, não foi bem assim. Duas irmãs americanas tiraram fotos fazendo a famosa ‘baleia branca’, e uma semana antes, três franceses foram pegos com a salsichas de fora no templo Banteay Kdei. Todos foram deportados e perderam o direito de visitar o país.

A moda parece que começou com uma série de fotos de mulheres asiáticas com os seios à mostra nos templos, que acabaram viralizando. As imagens tem uma marca d’água escrito WANIMAL, a com isso se descobriu que os autores são chineses. Elas também foram o estopim para a onda de indignação da população e das autoridades cambojanas, que consideram a brincadeira uma grande ofensa contra a religião e os territórios sagrados. Para se ter uma idéia do quanto essa questão é importante, todos os templos budistas no Camboja, e em todo Sudeste Asiático, exigem que as pessoas de vistam de acordo com as regras, que banem joelhos e ombros à mostra. Em alguns lugares é possível até alugar calças e túnicas para entrar.
Angkor é a antiga capital do Reino Khmer, e as construções dos séculos IX ao XV representam o senso de virtude e moralidade da cultura do país. Mas esse não é o único Sítio de Patrimônio Mundial da Unesco a ter os supostos naturistas dando as caras, ou algo mais. No ano passado, o chamado ‘naked tourism’, ou o turismo pelado, ‘atacou’ algumas vezes em Machu Picchu, no Peru. Um australiano e um neo-zelandês foram filmados fugindo dos seguranças, e um israelense maluco fez todo um blog chamado My Naked Trip, com diversas fotos não só lá, mas em todo o mundo. E no ano passando ainda, uma onde de protestos contra os turistas bêbados e pelados surgiu em Barcelona, depois que 3 italianos fizeram uma pequena maratona por lojas e mercados da Barceloneta vestidos com a nova roupa do rei.
O naked tourism está tentando virar uma moda de verdade e já tem até comunidade. Os especialistas estão se debatendo para descobrir qual a melhor forma de acabar com ela: aumentar o policiamento dos monumentos, fazer mais campanhas de conscientização dos turistas a respeito das culturas locais, ou simplesmente ignorar o auê em torno dos casos para que eles simplesmente percam a graça? Mas numa coisa eles concordam: a nova modalidade nada mais é do que uma evolução do fenômeno do selfie, em que as pessoas querem provar para o mundo que elas estiveram aqui! Mas a mensagem agora parece ainda mais frívola: ‘estou aqui e sou livre’, mas confundindo liberdade com egoísmo e desrespeito.
Nota: A foto da capa é uma obra do artista Spencer Tunick, que fez essa imagem no Mar Morto, como uma forma de pedir votos para o ponto mais baixo do mundo entra as Novas 7 Maravilhas do Mundo.