8 Museus para viajar com crianças no Brasil

Quando a visita se torna uma jornada

Frequentemente, viajar com crianças revela uma verdade desconfortável: muitas atividades não são projetadas para elas. Caminhadas muito longas, espaços que exigem silêncio e quietude, exposições que falam apenas para adultos. A curiosidade pode rapidamente desaparecer — e o passeio se transforma em um exercício de contenção.

Mas há outra possibilidade. Quando o museu abraça o corpo, a curiosidade e os ritmos da infância, ele deixa de ser um programa cultural; torna-se uma jornada pessoal. Seu espaço é convidativo porque nem tudo é “explicado” ou “educativo”, mas oferece oportunidades para observar, mover-se e questionar as coisas.

Com crianças, visitar museus não é uma questão de preencher uma caixa. É criar condições para a descoberta: fazer escolhas com menos frequência, caminhar devagar, fazer desvios, trazer uma pergunta e não uma lição. A criança não precisa entender tudo o que vê — ela quer sentir que pode investigar.

Como disse Rafael Pawlina, Consultor de Arte na Aprende Brasil Educação, para as crianças, esse contato é mais sobre despertar do que compreensão:

“Ir a museus com crianças pequenas é muito mais do que ir a um evento cultural — é uma experiência de descoberta. A partir de uma pintura, escultura ou instalação, elas aprendem a olhar e a serem curiosas sobre o mundo, e a fazer muitas perguntas.”

Levando isso em consideração, alguns museus no Brasil têm tido sucesso particularmente com visitas familiares — pelo conteúdo e pela forma como acolhem diferentes idades.

Museu da Amazônia – Manaus (AM).

O MUSA transporta adultos e crianças para a floresta amazônica. Situado em uma área de 100 hectares da Reserva Florestal Adolpho Ducke, o museu é menos uma sala fechada e mais uma experiência ao ar livre. Trilhas, jardins, viveiros de plantas e espaços para animais tornam a visita agradável para os pequenos. A torre de observação de 42 metros, com vista para as copas das árvores, é muitas vezes um destaque da viagem.

Horário de funcionamento: todos os dias, exceto quarta-feira, das 8h30 às 17h (entrada final às 16h). Ingressos R$ 40 | Até 5 anos. Sem cobrança.

Inhotim — Brumadinho (MG)

Inhotim é tanto um museu quanto um parque. A arte moderna se funde com a paisagem natural, e caminhar entre os pavilhões também faz parte da experiência. E para as crianças, funciona particularmente bem porque permite movimento, surpresa e pausa. Não é que devamos conhecer TODAS as peças para nos encantarmos com os espaços, sons, jardins e a sensação de percorrer um museu a céu aberto.

Funcionamento: quarta a sexta, das 9h30 às 16h30/ sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30
Ingressos: valores variáveis conforme o dia | Crianças até 5 anos não pagam
Mais informações: site de Inhotim

Museu do Amanhã — Rio de Janeiro (RJ)

Focado em ciência e futuro; o Museu do Amanhã atrai crianças curiosas e adultos preocupados com a contemplação. As exposições são imersivas e também abordam temas como mudanças climáticas, tecnologia e vida no planeta. É um museu que estimula a conversa — particularmente depois — e é eficaz quando seu foco não está em explicar cada item, mas em provocar perguntas.

Funcionamento: terça a domingo, das 10h às 18h (última entrada às 17h)
Ingressos: R$ 30 | Crianças até 5 anos não pagam | Gratuidade às terças-feiras
Mais informações: site do Museu do Amanhã

São Paulo (SP): Museu da Língua Portuguesa

O Museu da Língua Portuguesa torna as palavras sensoriais. A língua deixa de ser algo abstrato e passa a ser vivida através do corpo, sons, imagens, narrativas. Para as crianças, é um museu surpreendentemente acolhedor, aberto à exploração, à escuta sem silêncio absoluto ou adesão a regras rígidas.
Funcionamento: terça a domingo, das 9h às 18h (última entrada às 16h30)
Ingressos: R$ 20 | Gratuidade aos sábados | Crianças até 7 anos não pagam
Mais informações: site do Museu da Língua Portuguesa

Museu Catavento – São Paulo (SP)

Catavento, no Palácio das Indústrias, é um clássico em ciência. O espaço também está aberto à experimentação com exibições interativas do universo, tudo sobre vida, engenharia e sociedade. E funciona muito bem para crianças em idade escolar — mas também para adultos dispostos a brincar e começar a entender novamente os conceitos básicos.

Funcionamento: terça a domingo, das 9h às 17h
Ingressos: R$ 18 | Crianças até 7 anos e 11 meses não pagam | Meia-entrada para grupos específicos
Mais informações: site do Museu Catavento

Museu da Vida Fiocruz — Rio de Janeiro (RJ)

No campus da Fiocruz, o Museu da Vida é uma mistura de ciência, saúde e natureza. O Parque da Ciência oferece às crianças escaladas, brincadeiras e a oportunidade de experimentar várias ideias sobre energia e a organização da vida. Trilhas, teatros e espaços ao ar livre também fazem parte do cenário para alternar estímulo e descanso ao longo da visita.
Funcionamento: terça a sexta, das 9h às 16h30 | sábados, das 10h às 16h
Ingressos: entrada gratuita
Mais informações: site do Museu da Vida Fiocruz


Museu Oscar Niemeyer (MON) — Curitiba (PR)

Conhecido como Museu do Olho, o Museu Oscar Niemeyer é o maior museu de arte da América Latina. Além do acervo permanente, o espaço conta com exposições temporárias que frequentemente incluem áreas interativas voltadas ao público infantil.

Mesas para desenho, peças para montar e espaços de experimentação ajudam a tornar a visita mais convidativa para as crianças. Do lado de fora, o gramado, o espelho d’água e as esculturas completam o passeio.

Funcionamento: terça a domingo, das 10h às 18h (última entrada às 17h30)
Ingressos: R$ 36 | Crianças até 12 anos não pagam | Meia-entrada para grupos específicos
Mais informações: site do MON

Instituto Ricardo Brennand — Recife (PE)

Museu Brinquedim — Pindoretama (CE)

Aberto desde 2002, o Museu Brinquedim é um convite explícito à brincadeira. O acervo reúne mais de 500 obras do artista plástico Dim Brinquedim, entre telas, esculturas e brinquedos criados ao longo de mais de 40 anos de trabalho.

As cores vibrantes e as formas lúdicas estão presentes não apenas nas obras, mas também no parquinho infantil da área externa, desenhado pelo próprio artista. O entorno do museu abriga ainda diversas plantas nativas, que acabam funcionando como uma exposição viva da flora nordestina.

“Brincar sempre foi minha inspiração. Nunca deixei de brincar. Levar a vida a sério é considerar seriamente que o objetivo maior da vida é a felicidade”, diz Dim.

Funcionamento: terça a domingo, das 9h às 16h
Ingressos: R$ 30 | Meia-entrada para grupos específicos
Mais informações: site do Museu Brinquedim


Instituto Ricardo Brennand – Recife (PE)

Embora não seja um museu voltado especificamente ao público infantil, o Instituto Ricardo Brennand costuma surpreender as crianças pela grandiosidade do espaço. Instalado no antigo Engenho São João, o complexo ocupa uma área de 77 mil m² cercada por mata atlântica preservada.

O destaque é o Castelo São João, que abriga uma impressionante coleção de armas brancas de diferentes épocas e origens. Além disso, os jardins de esculturas oferecem espaço para caminhar, observar e explorar com mais liberdade.

Funcionamento: terça a domingo, das 13h às 17h (última entrada às 16h30)
Ingressos: R$ 50 | Crianças até 5 anos não pagam | Meia-entrada para grupos específicos
Mais informações: site do Instituto Ricardo Brennand

O pós-museu: quando a visita continua

Como regra, a parte mais crucial do museu acontece após a saída. No caminho para casa, no almoço, no desenho depois. É ali que a criança reconfigura o que viu — e o adulto percebe o que realmente ficou.

Um café tranquilo, ou um parque próximo ou apenas a viagem de volta para casa pode ser o momento em que um museu se torna uma memória. A conversa volta casualmente: “lembra daquela sala?” ou “Aquilo parecia outro planeta.”

O objetivo final de visitar museus com crianças não é formar pequenos especialistas. É sobre construir curiosidade, ampliar repertórios e lembrar que a educação pode ser uma experiência comunitária — antes, durante e depois de um passeio.