O Mirante do Madadá é o projeto apresentado pelo Atelier Marko Brajovic para representar o brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza em 2021.
Começou em 22 de maio a 17ª Mostra Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza, que se estende até novembro. O tema da exposição nesse ano é ‘Como Viveremos Juntos?’. O assunto discute a vida em sociedade em um mundo pós-pandemia, mas também dentro de âmbitos urgentes como divisões político-econômicas, desigualdade social e desequilíbrio ambiental. Como superamos a extrema polarização no momento em que mais precisamos nos unir? 110 trabalho de 46 países tentam responder a essas questões.

A participação brasileira na Bienal é representado pelo Atelier Marko Brajovic, que apresenta nove projetos de arquitetura, educação e comunicação na exposição “Amphibious – vivendo entre a água e a terra na Amazônia”. A mostra traz projetos de escolas comunitárias, exposição itinerante, hotel ecológico na floresta, biblioteca flutuante, centro de cerimônias, biofábricas, museu de ciência e programas de educação avançada. Em um momento tão crítico, quando o mundo todo volta os olhos para a maior floresta tropical do mundo, nada mais natural que viessem desse bioma tão importante para o planeta algumas das respostas que buscamos.
A equipe liderada por Brajovic apresenta, principalmente, o projeto hoteleiro do Mirante do Madadá, inserido no meio da mata às margens do Rio Negro, em frente ao Parque Nacional de Anavilhanas. O complexo pretende ser um polo gerador de turismo de base comunitária com foco no desenvolvimento sustentável e sócio-econômico da região. Através da arquitetura biomimética e da comunhão com as comunidades locais, o Mirante do Madadá oferece uma real imersão na floresta e na sua biodiversidade.

O complexo turístico é composto por estruturas independentes baseadas em elementos naturais e culturais da região, interligados por passarelas elevadas, ocupando o espaço de forma orgânica, respeitando a topografia do terreno e a vegetação existente. Os módulos que abrigam os quartos mimetizam as sementes encontradas no Rio Negro. ‘Na natureza, encontramos várias espécies de sementes e fascinam as que contêm outras e outras, numa abundância e camadas de penetração na essência da vida, a qual cria condições para a vida’, resume Brajovic.

Além dessas ‘cápsulas’, o complexo ainda conta com a Casa Coletiva, aberta para o rio e para a floresta, onde ficam as funções sociais, como recepção, concierge, bar, restaurante, serviços, lounge, espaços expositivos e a piscina de borda infinita. Uma passarela também conecta as acomodações até o ponto mais longe na mata: a Casa de Cura, espaço inspirado na formato da flor vitória-régia, por sua característica de mudar de coloração e sua importância mitológica nas culturas ancestrais. O local é dedicado a práticas de yoga, encontros com representantes indígenas da região ou simplesmente um espaço para receber uma massagem e banho ayurvédico.

O Mirante do Madadá é um projeto irmão do Mirante do Gavião, do qual já falamos na expedição da Katerre pela Amazônia. O Mirante do Gavião também está na Bienal de Arquitetura de Veneza, na exposição “Time Space Existence”, que inclui a mensagem do pré-lançamento da Bienal AMA+ZÔNIA 2022, a primeira edição de um fórum internacional que reunirá artistas e profissionais do mundo todo num intercâmbio técnico e científico, em prol do desenvolvimento econômico e sustentável da região.

A mostra “Amphibious – vivendo entre a água e a terra na Amazônia” está apresentada no pavilhão central (Giardini) e fiz em cartaz até 21 de novembro de 2021.