Depois de décadas em decadência – e carregando o peso das injúrias do Caco Antibes – o Largo do Arouche está finalmente reflorescendo. Talvez nunca recupere o glamour e a sofisticação dos anos 50 e 60, mas com certeza o Largo do Arouche está de volta ao mapa da boemia paulistana. E para ajudar nesse renascimento, a praça ganhou recentemente um no integrante de peso: o Térreo Bar.

O nome não poderia ser mais óbvio, já que o bar ocupa o único espaço comercial voltado para a rua de um empreendimento recém inaugurado pela construtora BKO. O Térreo Bar abriu as portas em junho, mas ele nasceu em 2014, quando a empresa procurou os donos do Le Casserole justamente para conversar sobre esse espaço e pensar um projeto juntos. Leo Henry, herdeiro do lendário restaurante francês, queria justamente usar seu savoir-faire em algo mais informal e contemporâneo. Seu sócio, Alex Ferrer, queria por em prática todo o estudo de coquetelaria depois de uma grande guinada profissional. Estava formada a receita para o sucesso, e eles ainda tiveram alguns anos para desenvolver o conceito do Térreo Bar, com cuidado e em detalhes.

foto: João Goldstein – Divulgação
Assim como a arquitetura, aberta e convidativa, o conceito de bar criado por eles é hospitaleiro e democrático. Isso se vê no atendimento, da qualidade dos pratos e drinks, e principalmente no preço. Os drinks, por exemplo, variam de $16 a $26, coisa rara para os padrões de São Paulo. E isso não é nenhum demérito para o trabalho do Alex. A carta foi toda pensada com muita pesquisa, equilibrando “clássicos-não-tão-famosos” com tendências internacionais e uma pitada de criação. Ele teve ainda a preocupação de equilibrar diversos paladares: drinks com diferentes destilados, com diversos perfis (cítricos, amargos, apimentados, levemente adocicados, etc.), com opções mais clássicas e mais ousadas. Entre bem preparados Negronis e Fitzgeralds, encontram-se criações como o Corpse Reviver #2 (gim, lillet, cointreau, limão siciliano e aroma de absinto) e o Padova (aperol infusionado com grãos de café e tônica). Completam a carta vinhos e de cerveja – das básicas às artesanais.

foto: Tom e Lari – Divulgação
Já no pequeno cardápio de comidas, pode esperar tudo bem diferente do Le Casserole, ou quase! A única “homenagem” fica por conta do Croque Monsieur, única opção francesa do cardápio e cujo molho béchamel vem diretamente lá do restaurante. As outras opções têm inspiração em clássicos internacionais que fogem ao óbvio, como as batatas Hasselback (cortadas finas, assadas e finalizadas com páprica defumada) da Suécia, os Devils on a Horseback (ameixas secas enroladas em bacon, com gorgonzola derretido) da Inglaterra, e os deliciosos Cogumelos Térreo, recheados e gratinados, criados na casa mesmo.

foto: João Goldstein – Divulgação
O espaço reduzido do Térreo Bar promete ser um dos mais concorridos da área. Sorte que no terraço aberto para a calçada tem espaço de sobra para o pessoal se espalhar. A reforma do Largo do Arouche, atualmente em curso, deve reforçar ainda mais a história muito importante de resistência e articulação local. Como disse o próprio Leo: ‘Moro aqui há alguns anos e fico feliz em ver a região assim, em foco. Espero que as (ótimas) opções que surgiram e continuam a surgir venham para ficar, fortalecendo este bairro tão plural e efervescente.’ Com certeza, o Térreo Bar vem só a acrescentar para toda o potencial da praça.
Térreo Bar
Largo do Arouche, 77 – República
Quarta e quinta, das 19h à 0h. Sexta e sábado, das 19h à 1h. Domingo, das 16h às 22h.
*Foto do destaque: João Goldstein – Divulgação