A masculinidade frágil e a ecobag

É o tipo de coisa que eu demorei a acreditar quando terminei de ler o texto.

Zapeando pelo Facebook dia desses, me deparo com algo que uma amiga compartilhou que me chamou muito a atenção, algo do tipo: “como nossa consciência ambiental pode resultar em consequências sociais.” Pois bem, fui atrás para entender.

Segundo um estudo da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, realizada com 960 homens e mulheres, divulgado no começo de agosto, existe um cenário digamos um tanto quanto homofóbico quando o assunto é comportamento pró-ambiental.

Para muitos destes homens e mulheres existe um protocolo diferente para homens e mulheres seguirem em suas atitudes ecologicamente corretas. Para eles, o fato de um homem carregar uma ecobag ao fazer compras gera dúvidas quanto a sua heterossexualidade e o encaixaria em uma etiqueta pró-ambiental mais feminina. Pasmem! O mesmo aconteceria com mulheres, que ao desenvolver atividades vistas como mais masculinas, como calibrar os pneus do carro, também teriam sua sexualidade posta em prova. PQP!

E a fragilidade dessas pessoas não pára por aí, viu? O estudo ainda revela que os homens teriam menos interesse nessas mulheres com atitudes pró-ambientais mais masculinas.

A analise da professora de psicologia Janet K. Swim, que esmiuçou o estudo, conta que é preciso entender as consequências sociais destes comportamentos, que podem vir a evitar um engajamento maior da população nas causas ambientas. Ainda segundo ela, há uma tendência de ver a consciência ambiental como comportamento feminino, classificando assim os homens que tiveram esse comportamento como homossexuais.

O estudo completo ainda revela que para muitos dos participantes manter uma impressão heterossexual é importante para eles. E que essas pessoas podem priorizar atitudes pró-ambientais de acordo com seu gênero para evitar possíveis julgamentos quanto a sua sexualidade.

masculinidade frágil, comportamento pró-ambiental

Ou seja, minha gente: as pessoas estão na fila do mercado anotando quem é e quem não é gay baseadas na sacolinha retornável da pessoa. E aparentemente tem muita gente com medo de ser rotulado como o viadinho do Pão de Açúcar enquanto o mundo se afoga em sacolinha plástica.

É, amigão, se uma sacola de algodão coloca sua sexualidade à prova, tá na hora de dar meia hora de bunda e acabar com esse sofrimento de uma vez por todas.

Para os machos de verdade, cuja masculinidade não está ligada a necessidade de um comportamento machista, continuem indo ao mercado com suas ecobags. Vocês ficam ainda mais lindos, elegantes e machos! E juntos a gente vai poder curtir um planeta melhor no futuro.

*Foto de capa: Pexels.com