Deu no NYT: turistas brasileiros vão entregar as redes sociais para entrar nos EUA

Em meio a todas as polêmicas envolvendo a Cambridge Analytica e o vazamento de dados pessoais através do Facebook, Donald Trump pode dar mais uma voadora no peito dos chamados ‘países de merda’, o que inclui o Brasil. O Departamento de Estado do Estados Unidos propôs uma nova lei que exige de qualquer pessoa que pedir um visto de turista para o país seja obrigado a entregar seus perfis de redes sociais para escrutínio das autoridades americanas.

Em setembro passado, uma alteração na lei já exigia esses dados de solicitantes de vistos de imigração, e afetava cerca de 700 mil pessoas por ano. A nova regra, que abrange todo tipo de visto com excessão vistos oficiais e diplomáticos, podem atingir mais de 14 milhões de pessoas que pedem vistos anualmente. Ela não afeta cidadãos de países considerados ‘aliados’ dos Estados Unidos, que não requerem vistos de entrada, como é o caso de muitos países da União Europeia, Inglaterra, Canadá, Japão e Coréia do Sul. Mas acerta em cheio o Brasil, e também a Rússia, China, Índia e México.

A proposta inclui 20 redes sociais, muitas delas baseadas nos próprios Estados Unidos. São elas: Facebook, Flickr, Google+, Instagram, LinkedIn, Pinterest, Tumblr, Twitter, Youtube, Reddit, Myspace (jura?) e Vine. As outras redes são de fora, mas com grande alcance regional. É o caso das chinesas Douban, QQ, Sina Weibo, Tencent Weibo e Youku, e da russa VK.

imigração, controle de passaporte
Foto: James R. Tourtellotte – Creative Commons

Desde a entrada de Trump na presidência, os movimentos contra a entrada de estrangeiros, seja para morar ou para visitar, tem sido constantes. Já na campanha, ele prometeu uma ação de ‘veto extremo‘ para as fronteiras americanas. Em março do ano passado, os consulados foram instruídos a apertar a fiscalização na emissão de vistos. E nos últimos meses, muitas pessoas foram surpreendidas nos aeroportos e fronteiras com a exigência de entregar as senhas de suas redes sociais.

Segundo o chefe de gabinete de Trump John F. Kelly, uma pessoa que se recusa a entregar suas senhas é porque tem algo a esconder, e por isso será vetada. Os críticos da proposta dizem que essas medidas são ineficientes, intrusivas, ridículas, e ainda ferem os direitos civis de imigrantes e turistas. O Facebook, entre outras companhias, se pronunciou no ano passado, opondo-se “a qualquer empenho em forçar viajantes a entregar suas informações privadas, incluindo senhas.” Apesar que a empresa não anda lá com muita moral para falar sobre privacidade, com os atuais escândalos que está envolvida.

A proposta deve, por lei, ficar exposta a comentário público por 60 dias, antes de ser efetivada e entrar em ação. A data para isso acontecer é 29 de maio. Mas as manobras de Trump já começaram a surtir efeito. O número de visitantes nos Estados Unidos tem caído, apesar de Nova York ter tido público recorde de turistas no ano passado.