É, gente. O aquecimento global chegou e não tem mais como voltar atrás. O verão na Europa está castigando vários países, e as notícias mais drásticas falam de gente morrendo de insolação e incêndios destruindo vilas e florestas. A situação não é tão crítica nas grandes cidades, mas a vida nas metrópoles não tem sido nada fácil. Se o Velho Continente sempre foi muito bem preparado para invernos rigorosos, ficou claro que por lá eles precisam começar a se organizar para a elevação das temperaturas do planeta.
Portugal sempre foi um dos países mais quentes da Europa, e poderia ser o melhor equipado para enfrentar esse histórico verão de 2018. Mas foi os termômetros baterem na casa dos 46ºC, que a coisa começou a degringolar. Na última sexta-feira, a cidade de Cascais enfrentou um black-out por conta de sobrecarga do sistema de distribuição de energia elétrica. O motivo: muito ar condicionado ligado ao mesmo tempo.
Na Inglaterra, onde ar condicionado é artigo raro, o pânico se instaurou depois que os estoques de ventiladores começaram a se esgotar por todo país. Autoridades aconselharam empresas a mudar os horários de trabalho para evitar a hora do rush, e a liberarem até o uso de shorts dentro dos escritórios. Seria até cômico ver os ingleses vestidos como cariocas no dia-a-dia, se não fosse trágico. Nos vagões do metrô de Londres foram registradas temperaturas de 42ºC, lá debaixo da terra. É tão perigoso que a TFL (Transport for London) teve que intensificar a campanha em prol da hidratação, e cartazes pedindo que passageiros carreguem água consigo se espalharam por todas as linhas. (Em 2016, a empresa já tinha distribuído garrafas d’água nas estações.)
E se já não fosse difícil suficiente a vida do trabalhador londrino, as redes sociais estão recebendo enxurradas de reclamações por causa do mau cheiro nos trens. Pois é, o budum (ou asa, cecê, futum, chame como quiser), que é um problema regular por lá, ficou ainda pior. Agora, se você viu aquele cartaz do TFL que fala que o metrô está com o fedor de um presunto de 16 anos, lamento te dizer que ele é falso.

Mas o mesmo não se pode dizer do metrô de Viena. A onde de calor na Europa atingiu a Áustria em cheio, e por lá a prefeitura vienense teve que intervir pelo bem da população. Funcionários da linha U6 distribuíram 14 mil desodorantes para os passageiros. A iniciativa foi tão popular, que o estoque todo acabou em um único dia, o que fez uma segunda distribuição acabar engavetada. Fora isso, trens mais antigos ainda receberam grades de ventilação e insulfilm nos vidros, para tentar baixar a temperatura interna nos vagões, que tem ficado em torno dos 35ºC. Detalhe: tanto em Londres quanto em Viena, a temperatura máxima permitida por lei dentro do transporte público é de 30ºC.

A onde de calor da Europa parece que começou a amenizar essa semana. Só que o verão ainda demora mais de um mês para acabar e é bom tomar cuidado, fugir do sol, e se hidratar bem até o outono dar as caras.
*Foto do destaque: Pedro Figueiredo