Floresta Negra, onde os contos de fadas acontecem

Branca de Neve, Cinderela, Bela Adormecida, Chapeuzinho Vermelho, João Maria e muitas outras histórias escritas pelos irmãos Grimm têm como cenário sombrio a Floresta Negra (der Schwarzwald), que se estende por mais de 200 quilômetros no sul da Alemanha.

Destino preferido dos alemães em férias, a região é bastante chuvosa e por conta disto as árvores, em sua maioria pinheiros, têm muitos galhos e folhas. Assim, a incidência de luz é bem baixa e a floresta torna-se bastante escura (daí o nome, Floresta Negra). Dizem, ainda, que a seiva dos pinheiros mata qualquer outro tipo de árvore.

Outra coisa: antes dos irmãos Grimm, os contos de fadas eram tenebrosos. Era um tal das irmãs da Cinderela cortarem os pés para caberem no sapatinho; de João e Maria serem abandonados pelos pais na floresta e, nem quero falar dos fatos que envolvem Chapeuzinho Vermelho, a vovó e o Lobo Mau. Por isso, a Floresta Negra era paisagem perfeita. Confesso que dá um tiquinho de medo!

Floresta Negra. Frauelster. Flickr.
Floresta Negra. Frauelster. Flickr.

No meio do outono europeu, a Floresta Negra é um lugar incrível com vales verdes, lagos espelhados, vilarejos simpáticos e casinhas em enxaimel – aquelas bem típicas da Alemanha. Sem contar a culinária, que é um arraso! O verdadeiro bolo floresta negra, em alemão, o Schwarzwälder Kirschtorte (literalmente, Bolo de Cereja da Floresta Negra) tem sua receita envolvida em controvérsias. Há relatos populares que um confeiteiro alemão criou a receita deste bolo inspirado na floresta, nos anos 1900: o chocolate seria os galhos e cascas das árvores, a cereja é o kirsh (licor feito destas mesmas cerejas) e o chantilly, a neve que cai intensamente nesta região durante o inverno. Há outra versão que diz que as cores do bolo são a representação das cores de um traje feminino típico da região. Outros dizem que a influência da Floresta Negra seria somente pelo uso do licor de cerejas, típico da região. E outros dizem ainda que a receita tem um pezinho na Suíça e em outras partes da Alemanha, como por exemplo, Bonn (a 500 km da Floresta Negra). No fim, só posso dizer que o Bolo Floresta Negra de lá é uma tentação.

Uma das portas de entrada principais da Floresta Negra é a cidade de Baden-Baden. As outras são Offenburg e Freiburg, ambas na fronteira com a França, cidades ideais para quem vem da região de Estrasburgo. Se você optar por sair da Alemanha, saia de trem de Frankfurt – é só 1h40 de viagem até Baden-Baden que é um chiquê só. Famosa por sua água rejuvenescedora, inclusive Baden quer dizer banho em alemão, a cidade tem um jardim público muito bonito (o da Lichtentaler Allee), cassinos, teatro, museus, restaurantes e banhos terapêuticos. Porém, se você está focado na Floresta Negra, então já na estação de trem da cidade tem diversos guichês que oferecem trilhas para todos os gostos.

Baden-Baden. Paolo C. Flickr.
Baden-Baden. Paolo C. Flickr.
Lichtentaler Allee. SteffBoe. Flickr
Lichtentaler Allee. SteffBoe. Flickr

Caso você opte pelo carro, a rodovia é a B500 (Schwarzwaldhochstraße) que segue montanha acima. Há inúmeras trilhas neste caminho e a parada no lago Mummelsee é obrigatória para compreender a lindeza do lugar. A estrada termina em Freudenstadt, cidade que ainda guarda a destruição ocorrida durante a II Guerra Mundial.

Lago Mummelsee. Dlelor. Flickr.
Lago Mummelsee. Dlelor. Flickr.

Depois pegue a B462 (Schwarzwald-Tälerstrasse) – estrada dos vales da Floresta Negra. Reserve um tempo para admirar Forbach, cidade dos contos de fadas (neste caso, os que têm final feliz). A cidade é repleta de casinhas de bonecas e relógios cucos que são vendidos em lojinhas mais graciosas ainda.

Forbach. Grzegorz Jereczek. Flickr.
Forbach. Grzegorz Jereczek. Flickr.

Gostou da ideia de fazer o roteiro turístico mais antigo dos alemães? Então, já aviso que no caminho da Floresta Negra e depois dele, há muitas outras cidades e vilarejos encantadores, onde sempre vale a pena uma paradinha para um café ou uma refeição, ou ainda, para ver os contos de fadas acontecerem diante dos olhos.