Bilbao um pouco além do Guggenheim

¿Que tal pintxar uns pintxos? Opa! Só te convidei para comer umas tapas, ou ainda, uns petiscos da região norte da Espanha. Em Bilbao, comer essas delícias é uma das atrações desta que é uma das cidades mais conhecidas do País Basco. Na verdade, os bascos se orgulham da sua culinária, da arquitetura e cultura – e têm total razão! Da culinária, peço somente que acreditem que a comida local é maravilhosa e que os pintxos devem ser devorados sem culpa ou arrependimento.

Agora, sobre a arquitetura e a cultura, quanta diferença! Bilbao, apesar de ser uma cidade relativamente pequena (possível de se explorar a pé), é um lugar repleto de atividades culturais e é um laboratório vivo para os amantes da arquitetura de todos os tempos. São duas galerias de arte, seis museus temáticos e um programa contínuo de shows que incluem música, teatro, dança e cinema (aliás, a vida noturna é agitadíssima).

Casco Viejo visto do rio (foto: Flickr/arrano)
Casco Viejo visto do rio (foto: Flickr/arrano)

A essas alturas, a pergunta que está te rondando é: e o Museu Guggenheim? Pois é! O Guggenheim de Bilbao é um dos cinco museus pertencentes à Fundação Solomon R. Guggenheim que estão espalhados pelo mundo afora. O projeto do arquiteto norte-americano Frank Gehry, concluído em 1997, transformou a cidade de porto industrial em um dos grandes centros de arte contemporânea europeu.

Na época e mesmo hoje, o projeto arquitetônico deste museu é um escândalo: o edifício é coberto por painéis de titânio curvados em diversos pontos e tem formas orgânicas que, para alguns, lembram escamas de peixes. Para outros, o museu lembra uma flor cheia de curvas e outros juram que é um barco. De qualquer forma, o Guggenheim é um espetáculo, e este ano a programação de exposições temporárias está caprichada: começa com Andy Warhol, passa por Louise Bourgeois e termina com Francis Bacon.

E o Guggenheim oferece mais: a praça ao seu redor com café/lanchonete e várias esculturas ao livre. Destaco Mama, de Louise Bourgeois (a aranha), Puppy, de Jeff Koons (o cachorro) e El gran árbol y el ojo, instalação de Anish Kapoor. É ou não é o crème de la crème da arte moderna e contemporânea?

Gehry + Bourgeois (foto: Flickr/villamon)
Gehry + Bourgeois (foto: Flickr/villamon)

Nem só de Guggenheim vive Bilbao (mas também …). O Museu de Belas-Artes fica no Parque Doña Casilda, uma grande área verde na região central da cidade. Tradicional, o museu abriga obras de El Greco e Velázquez. Pode ser um choque cultural divertido juntar a visita aos dois museus no mesmo dia. Tudo depende da sua ousadia e disposição.

Casco Viejo, um bairro datado do século XIV, é outro deslumbre: formado por ruas e vielas com casas coloridas, restaurantes, lojas, igrejas, pracinhas e ateliês de artistas e artesãos, é um lugar ideal para caminhadas sem rumo. Nas andanças por Casco Viejo, você encontrará o Museu Arqueológico, Etnográfico e Histórico Basco, o Mercado de Ribera, a Catedral de Santiago e a Plaza Nueva – ideal para o desfrute de um fim de tarde.

Mercado de la Ribera (foto: Flickr - arrano)
Mercado de la Ribera (foto: Flickr/arrano)

Outros lugares imperdíveis são: a Gran Via, principal avenida da cidade; o calçadão do Rio Nervión – rio que corta Bilbao e que é presença marcante na paisagem; e há ainda um passeio bacana nas redondezas da cidade: a caverna Santimamiñe, com estalactites e pinturas pré-históricas.

Não posso deixar de mencionar o novo terminal do aeroporto de Bilbao, projeto de Santiago Calatrava (o arquiteto é o mesmo do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, lembra?). Talvez seja lá que você faça a promessa que muitos fazem ao partir da cidade: Me voy, pero volveré! Eu li em algum lugar sobre Bilbao que “o Guggenheim vale a viagem e os pintxos valem o retorno”. Sob qualquer uma das perspectivas, apoio plenamente!

Foto do destaque: Flickr – Javier Enjuto