A Índia é o destino da diversidade, dos templos, das cores dos sabores, da barganha dos mercados, do amor de Shah Jahan por Mumtaz Mahal e de museus e monumentos históricos milenares. Tenho total certeza de que a simples ideia de viajar pela Índia fascina muitas pessoas ao redor do mundo, porém, aos artistas e aos interessados em arte essa aventura pode ser elevada à quinta potência. Quer saber por que? Vem comigo que te conto tudo!

Para início de conversa, a experiência oferecida aos artistas e aos interessados em fazer arte está para além da viagem de contemplação da cultura e dos monumentos arquitetônicos. Na verdade, tudo se traduz em duas propostas bem diferentes: a residência artística e a formação de um grupo de vivência artística. Nas duas, a intenção é a de viver dias intensos, produtivos e repletos de descobertas pela cidade de Nova Délhi, pelos campos, vilas e comunidades da região.

No grupo de imersão, o pensamento é mais hard core: o tempo vivido na Índia é dedicado aos artistas e aos que se interessam por arte, criação e pesquisa. O grupo é pequeno e vive a imersão entre 10 e 12 dias. Acompanhados pela artista brasileira Regina Carmona, o grupo realiza caminhadas fotográficas e andanças investigativas pelas terras indianas. Tudo é destinado às coletas poéticas. A intenção é dupla: viver plenamente o cotidiano e submeter o artista ao dia a dia desvinculado do seu lugar comum. O convite é de mergulho na criação, no trabalho, nas revelações que esse ambiente totalmente novo e diferente culturalmente lhe oferece.

Aqui no Brasil, Regina Carmona, é embaixadora da Sanskriti Kendra Foundation e coordena os grupos de vivência artística – essa já é uma relação de 17 anos, desde que a artista fez sua primeira residência por aquelas paragens. Agora, ficou fácil fazer uma imersão desta, não?
E como a residência artística se organiza? A iniciativa é da Sanskriti Kendra Foundation, com sede em Nova Délhi. Dotada de museus, centros culturais, estúdios artísticos, a Sanskriti Kendra realiza programas, cursos e residências artísticas internacionais. As residências costumam acontecer a partir de 30 dias de duração. Para muitos artistas, o tempo de permanência no Sanskriti Kendra é como viver em algum tipo de paraíso, cercado por pessoas inspiradoras de origens e de talentos variados, além da chance de apreciar o jardim tranquilo, as galerias de arte e os museus fantásticos.


Outro dado importante: não é preciso se preocupar com hospedagem. A imersão e a residência artística já preveem acomodações em loft/estúdio para duas pessoas, com todas as refeições inclusas (a alimentação, of course, é orgânica e vegetariana). Tudo para garantir que esse período seja totalmente voltado à construção de uma poética.
Vamos combinar, não existe nada melhor do que tirar férias de tudo, ficar um momento namorando o próprio trabalho sem distrações?!! Ao mesmo tempo, se conhece um país incrível como a Índia na companhia de artistas do mundo todo. Isto é muito sonho! No final, ainda acontece uma exposição da produção de arte e/ou pesquisa concebida durante o tempo da residência e o recebimento de certificado.

Depois de tudo isso, se você está considerando seriamente sua participação em alguma imersão ou residência artística na Índia, aí vem uma triste notícia: no primeiro semestre de 2017, para a imersão já não é mais possível! O grupo da Regina Carmona que estará na Índia em janeiro do próximo ano encerrou as inscrições. Mas, que tal se planejar para agosto de 2017, quando abrirá um novo grupo? E por último, guardei meu segredo mais precioso: na Sanskriti Kendra Foundation, os artistas interessados na residência com menos de 35 anos de idade podem enviar seu projeto para a UNESCO e conseguir uma bolsa de estudos.
É ou não é uma forma de conhecer a Índia extremamente elevada?
Foto destaque: Chmoss, (cc by-nc-nd 2.0)