Retrospectiva Anton Corbjin em Berlim

Que música e fotografia fascinam muita gente, todo mundo sabe. Mas quantos conseguiram unir essas duas paixões e imprimir uma marca autoral e inédita, elevando seu status de hobby sem pretensão à arte com inovação e criando imagens que ficaram registradas no nosso inconsciente coletivo?

William Claxton, Peter Lindbergh, Annie Leibovitz e David LaChapelle são alguns dos nomes que nos vêm à cabeça quando pensamos em “fotógrafos de músicos.” A lista de seus retratados célebres inclui de Chet Baker à Lady Gaga, passando por Rolling Stones e Madonna.

Mas talvez quem tenha conseguido unir música e fotografia de maneira mais coesa seja o holandês Anton Corbjin. Sua atuação é quase onipresente na carreira de muitos artistas, já que foi responsável por conceber capas de discos, fotos de divulgação e direção de vídeo clipes, elaborando uma identidade visual artística e atuando como um verdadeiro diretor de criação.

Desde o final da década de 1970, Corbjin colaborou  – e ainda colabora – com a fina nata da música mundial. A relação de artistas é imensa, e dentre os principais, não dá para esquecer de citar Joy Division, Depeche Mode, Nick Cave, Rolling Stones, Tom Waits, Nirvana, David Bowie…

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É então para celebrar um dos mestres da fotografia em preto e branco contemporânea que a C/O Gallery, uma das principais galerias de fotografia em Berlim e quiçá do mundo, decidiu dedicar uma mostra retrospectiva (com nada menos do que 600 fotos!) ao trabalho de Corbjin das últimas quatro décadas.

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Localizada no prédio da antiga Amerika Haus, construída no final dos anos 1950, como parte da exposição de prédios modernistas Interbau, e que, como o próprio nome indica, abrigou o centro cultural americano durante a Guerra Fria, a C/O Gallery se mudou para lá há um ano, e já organizou mostras de bambas como Martin Parr e Nan Goldin.

O apanhado geral na carreira de Corbjin, marcada por uma atmosfera que pode ser considerada crua ao primeiro olhar, como se as fotos não tivessem sido finalizadas, aponta toda a originalidade de sua obra. Autodidata que começou a clicar já no fim dos anos 1970 para o semanário inglês New Musical Express, o fotógrafo vem se dedicando também ao cinema: após a cinebiografia de Ian Curtis, Control, seu novo filme Life conta a relação entre o retratista da revista homônima Dennis Stock com o astro James Dean.

As fotos exibidas na mostra vão além de meras imagens de músicos, captadas dentro ou fora dos palcos. Elas forjaram ícones e mitos em torno da música, mostrando o estilo de vida dos retratados, graças à relação próxima que o fotógrafo pôde estabelecer com muitos dos artistas, permitindo criar momentos de intimidade autêntica, tão escassos na pré-calculada indústria cultural vigente.

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Se Berlim estiver nos seus planos de viagem de final de ano, não deixe de incluir essa exposição no seu roteiro. É imperdível!

Serviço:

C/O Berlin
Hardenbergstraße 22-24
10623 Berlin
Todos os dias das 11h às 20h