Passando recentemente por Recife eu não deixei de me surpreender com os dois lugares que tive tempo para uma visita: Cais do Sertão e o Paço do Frevo.
Recife é uma cidade cheia de boas surpresas, especialmente no quesito “criatividade”. Passear pelo seu centro velho, recentemente renovado, é obrigatório caso vá à cidade. Nas ruas, casinhas coloridas animam o bairro junto ao som vindo de alguns botecos nos arredores, muitas vezes com caixa acústica colocada na calçada.
Eu tinha apenas 2 horas para um passeio e decidi conferir o Cais do Sertão. Os outros dois foram consequências já que estavam no caminho.
Cais do Sertão



Construído no Armazém 10, o Museu Cais do Sertão tem Luiz Gonzaga como seu principal fio condutor. Abriu as portas em abril de 2014 e traz toda a beleza e memórias do sertão nordestino. A viagem começa numa sala com projeções muito bem feitas transportando-o para este universo com fotos e relatos, tudo belíssimo e emocionante. Após essa imersão inicial segue-se numa viagem pela cultura sertaneja com vídeos, instalações sonoras e visuais, exposição de indumentária, costumes e até utensílios domésticos. Há um grande acervo de Luiz Gonzaga trazendo toda sua trajetória, que não é nada pequena, onde ainda o visitante pode cantar suas músicas e tocar instrumentos que fazem parte da cultura nordestina.
No térreo há o “Rio São Francisco” passando por todo o espaço, que é amplo e dividido em pequenos blocos, cada um com um pedaço do sertão. De um lado, a história de Luiz Gonzaga, e do outro objetos, roupas, utensílios usados por famílias nessa região do país. Há também uma bela instalação de espelho em formato de túnel, em que a nossa imagem é projetada em suas paredes espelhadas ao passar por dentro dele. Já no primeiro andar tem pequenos estúdios que possibilitam interação com a música sertaneja, possibilitando aos visitantes cantar e/ou tocar instrumentos.
Por enquanto, apenas o primeiro módulo está aberto, abrigando dois andares de exposições e instalações. A curadoria e direção de criação do museu fica nas mãos de Isa Grinspum Ferraz.
A arquitetura do prédio, que fica à beira mar, também surpreende.
“As pessoas que acham o sertão feio normalmente são da zona da mata ou da cidade”, disse uma vez Ariano Suassuna. “Então estão habituados a um tipo de beleza que é mais ligado à graça. A beleza da zona da mata é ligada ao gracioso; a beleza do sertão é ligada ao grandioso. Ele é grandioso e terrível em certos momentos, o que dá à beleza dele uma conotação muito diferente, muito estranha mas muito forte.”
Vale a visita para tirar essa visão de feiúra e se encantar pela cultura que o sertão tem.
Cais do Sertão
Av. Alfredo Lisboa, s/nº, Armazém 10. Recife Antigo (perto do Marco Zero)
Quinta a domingo, das 11 às 17h
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Entrada gratuita às quintas.
Paço do Frevo




Não precisa gostar de frevo para visitar o local, pois o espaço vale a visita de qualquer maneira. O Paço fica numa bela casa de esquina em frente a Praça Arsenal e chama atenção pelas cores branca com detalhes em vermelho bem vivo. Na entrada há um café e, após a catraca, um corredor traz uma incrível coleção de fotos. Ela faz parte do acervo do museu, de Pierre Verger e Marcel Gautherot, que registraram o carnaval pernambucano nos anos 40. As exposições celebram os personagens, músicos, passistas, costureiras e as agremiações, narrando a história e a tradição do frevo. Seguindo pelo corredor, cai-se numa bela sala traçando a história, origem e evolução do frevo com objetos, textos e fotografia.
O último andar é amplo, com janelas vermelhas grandes ornamentadas com canções de frevo em seus vidros, com fotos e ornamentos espalhados pelas paredes e por baixo do chão de acrílico, formando um belo cenário também. O espaço conta com diversas atividades relacionadas com palestras, oficinas e escola de dança. O frevo é uma das principais tradições culturais brasileiras e é reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco.
Paço do Frevo
Praça Arsenal, Recife Velho
Terças, quartas e sextas, das 9 às 18h. Quintas, das 9 às 21h. Sábados e domingos, das 12 às 19h
Ingressos: R$ 6,00 (inteira) e R$ 3,00 (estudantes e maiores de 60 anos)
Outro lugar que ficou para uma próxima visita à cidade é Instituto Ricardo Brennand, um parque de esculturas do artista plástico, que fica no Marco Zero (do ladinho dos dois acima).