Se tem um passeio que praticamente qualquer lugar tem, e que sempre tem filas para entrar, é o mirante. Acho que o fascínio de se ver qualquer coisa de cima vem de nos sentirmos observadores do mundo, e não parte dele. Confesso que cada vez mais sofro com vertigem nas grandes alturas, mas eu sempre engulo seco e encaro, porque não me permito perder a vista. Você acha que eu perderia, por exemplo, uma visita a essa caixa de vidro montada em Chamonix, na França, do designer Pierre-Yves Chays, que ilustra esse post? Ou o Grand Canyon Skywalk?
Ultimamente, os arquitetos tem se esmerado em fazer projetos incríveis, que chamam a atenção tanto quanto os entornos maravilhosos. Até porque esse é o tipo de projeto que não requer muita complexidade. O mirante só precisa levar o público às alturas. Como chegar lá, só a imaginação vai dizer.
Em 2010 foi construída uma torre de observação no meio da floresta austríaca, à beira do Rio Mur, na divisa com a Eslovênia. O projeto dos alemães Klaus Loenhart e Christoph Mayr não poderia ser mais simples. Uma estrutura metálica envolta em uma longa tira de alumínio são os únicos elementos de uma escadaria com 168 degraus. São 27m até o topo, onde há uma pequena plataforma para se ver a região, e uma segunda escada entrelaçada te traz de volta ao chão.
Muito comentado foi também o projeto do canadense Todd Saunders e o norueguês Tommie Wilhelmsen para um dos maiores fiordes do país escandinavo, na pequena cidade de Årland. Eles venceram o concurso com a idéia de uma ponte que se lança sobre o gigantesco vale e acaba no infinito, permitindo ao visitante ter a sensação de se apoiar sobre o precipício em perfeita segurança. A estrutura de aço forrada em madeira tem 30m de comprimento, 4m de largura e 13m de altura. Parece pouco, mas a sensação da beirada é bem mais vertiginosa.
Em termos de altura, e também de complexidade e expressividade, o mirante mais destacado é o do Parque Olímpico em Londres, para o evento de 2012. De autoria do grande Anish Kapoor, a torre de 115m de altura parece um acidente surrealista de trem. Chamada ArcelorMittal Orbit, ela foi construída pela metalúrgica de mesmo nome, e é a escultura mais alta do Reino Unido, sendo 22m mais alta que a Estátua da Liberdade. 
O projeto mais espetacular, entretanto, não é o mais alto. No norte dos Pirineus, perto da cidade de Ariège, estão as maiores cavernas com pinturas pre-históricas da Europa, e ao lado da impressionante entrada das galerias (que mede 55m de altura por 50m de largura) o arquiteto italiano Massimiliano Fuksas colocou uma lindíssima passarela-mirante para o vale montanhoso. A estrutura de aço cortén forma um corredor fechado e instigante, que se abre para a vista como braços que louvam o céu. A beleza está não só na forma, mas na maneira de esconder e mostrar o cenário em volta em equilibrada proporção.






