A Rússia é um dos lugares que tinha curiosidade para conhecer, mas nunca tinha colocado muito pensamento nessa vontade. Sempre me pareceu um destino ultra distante e havia outras prioridades turísticas, até aparecer uma viagem curta à trabalho para Moscou.
Foram só dois dias livres, insuficiente para ver tudo o que queria, mas deu para sentir um pouquinho o clima da cidade. Lembrou muito São Paulo em alguns aspectos: é enorme, o trânsito é intenso, tem bastante poluição e uma atmosfera agitada. A sede da próxima Copa do Mundo é um destino inusitado que dispensa visto de turismo para brasileiros, então se você pretende visitar esse pedacinho do mundo em breve, já anote algumas dicas.
Onde ficar
Moscou é como uma teia de aranha que começa na Red Square, então todas as principais atrações não ficam muito distantes do centro. Se a intenção é visitar os pontos turísticos, faz sentido procurar um hotel próximo da região apesar do valor alto (a cidade figura constantemente entre as mais caras do mundo). Apesar de imensa, a cidade é muito bem servida pelas estações de metrô, então é rápido chegar de um lugar ao outro. Ficamos hospedados no bairro Kitay-Gorod, bem próximo à Red Square (cerca de 10min a pé) e à estação de metrô com o mesmo nome, além de ter vários bares/restaurantes ao redor e um preço acessível. Hostels podem ser uma boa ideia: Godzillas e Friday têm bons reviews.
O que ver
A cidade é daquelas que te faz se arrepender de não ter prestado tanta atenção nas aulas de história do colégio, de tanta coisa que já aconteceu por lá. Como o tempo foi escasso, priorizei o básico: Red Square, a Catedral St. Basil’s (aquela que parece ser feita de doce <3), Kremlin e seus museus incríveis, Cathedral Square (dentro do Kremlim), Alexander Garden + Tomb of the Unknown Soldier, Biblioteca Imeni Lenina, Pushkin Museum (apenas o maior museu de arte em toda a Europa), a Catedral Christ the Saviour, Bolshoi, a praça Teatralnaya, a região de Old Arbat, e o suntuoso shopping GUM.


O Mausoléu de Lenin, apesar das controvérsias envolvendo a veracidade dele, também é um ponto turístico bem famoso. Outros lugares muito interessantes que valem a pena ver são o VDNKh (antigo VVC), um centro de exposições imenso com o museu da Cosmonáutica, jardins, parques e muito eyegasm de arquitetura; os parques Tsaritsino e Gorky; e Kuskovo, uma antiga propriedade de veraneio transformada em parque e museu de cerâmicas.
Para quem quer imergir na história, Moscou também oferece tours por antigos bunkers de guerra na cidade. O Bunker-42 é um dos mais famosos, pertinho do centro. As Banyas, tradicionais casas de banho, são mais um aspecto único que é digno de uma visita.
Onde comer
Apesar de ser um shopping de luxo, o GUM oferece um maravilhoso restaurante “bandejão” com ótimo custo-benefício, o Stolovaya №57. Sirva-se à vontade e tente não se empolgar com todas as opções deliciosas de comida. Jamais esquecerei os frango kiev, borscht, blini e pierogi desse lugar, eram de comer chorando de alegria. No primeiro piso você também encontra o Gastronome №1, uma mercearia com muita variedade de produtos (e um picolé perfeito de nata com casquinha de chocolate).

Para cervejas e aperitivos, vá ao Kruzhka. Yolki Palki é uma alternativa para café da manhã ou brunch, já o Teremok é uma rede fast-food especializada em blinis (crepes russos). Se quiser um tradicional borscht transbordando com alho e dill, acompanhado de vodca, vá ao restaurante Staraya Bashnya. O serviço não é dos melhores e o preço é mais alto, mas a comida é incrível. E, claro, também tem McDonalds e Burger King para quem não quer se aventurar – mas qual a graça de ir tão longe se não for para provar a comida local, não é? :)
Guias locais
Todos os dias às 10:45h, saindo da praça Slavyanskaya, tem um tour gratuito em inglês de 2.5h por alguns pontos da cidade. Infelizmente não consegui fazê-lo, mas muita gente recomenda. Esse grupo de guias também oferece outros tours pagos, a pé ou de carro.
Locomoção
Moscou não é tão amigável e óbvia para pedestres. Muitas travessias de ruas são feitas através de túneis subterrâneos, e quando estes não estão disponíveis o negócio é tentar a sorte e atravessar correndo na faixa, já que as ruas não costumam ter semáforos.
O sistema metroviário te leva para todos os cantos que você precisa e é uma atração a parte: algumas estações são verdadeiros museus de arte e arquitetura, transbordando beleza e história. Em pouco mais de 2h você consegue visitar estas 11 estações entre as linhas azul, marrom e verde. Tudo está escrito em cirílico, mas dá para se guiar pelo site Yandex, que também tem app para iPhone e Android. Os bilhetes são comprados em máquinas automáticas, geralmente localizadas próximas às catracas, e custam centavos. Você pode tentar a sorte e comprar direto nos guichês, mas provavelmente ninguém vai saber se comunicar em inglês.

Outros detalhes
- Os poucos contatos que tive com os russos foram bem secos e diretos, inclusive em atendimentos. Não é um problema para mim, mas pode ser um pouquinho assustador à princípio.
- Quase ninguém fala inglês, no máximo arranha algumas palavras, direções e coisas básicas, e toda a comunicação visual fora do aeroporto é em cirílico.
- Ouvi muito sobre a baixa segurança do centro, mas felizmente não vi nem vivenciei nada negativo; tomando os cuidados básicos (não ficar andando por aí com câmeras e telefones expostos, não abrir um mapa gigante no meio da rua e nem ficar distraído olhando pra arquitetura sem cuidar dos seus pertences), as chances de ter qualquer problema são baixas.
- Moscou não brinca quando o assunto é estações: verão e inverno são extremos, e costumam ser bem secos. Se você não quiser congelar os dedos dos pés ou ganhar de souvenir um bronzeado de camiseta, prepare-se.
- Todo visitante precisa se registrar com a prefeitura ao chegar na cidade, mas a maioria dos hotéis e hostels oferecem esse serviço – gratuito ou não. Informe-se sobre isso para não ter surpresas.
** Todas as fotos por Paula Abrahão e Eduardo Shiota Yasuda