Está acontecendo agora em Paris uma das maiores ações de street art já vista. Nós, aqui, só podemos admirar de longe, ler na internet. Mas nosso querido amigo e correspondente na cidade luz Sandro Accariès foi lá checar e contou tudo pra nós.
‘Confesso que eu andava bastante cansado da cena do street art no Brasil, talvez por ter participado muito do movimento no meio dos anos 2000, junto a nomes que não eram tão conhecidos na época e agora são gigantes do Street Art. Mas o cansaço passou. Semana retrasada estive de frente à maior exposição coletiva de street art já feita até hoje. A Tour Paris 13 é um projeto da Galerie Itinerrance e de Medhi Ben Cheikh, e já entrou para a história.
Fiquei muito feliz e pasmo ao chegar à agora famosa torre laranja que reluz ao longe, vindo de metro, atravessando o rio ao chegar ao Quai de la Gare. Por dois motivos: o primeiro, por ter me deparado com 8 nomes de artistas importantes do Brasil dentre os 100 artistas que participaram deste coletivo – meu querido amigo Flip, Speto, 2mil, Ethos, Hebert Baglione, Loiola, Rapto e Tinho. O segundo, pela incrível idéia. O prédio, habitacional e absolutamente comum, foi transformado em uma imensa instalação, e está aberto por um mês para ser visitado. No dia 1 de novembro ele será demolido, destruído. É claro que estarei lá, perto, para registrar este acontecimento. Depois disso, o público tem dez dias para salvá-la – a exposição – e evitar que ela caia no esquecimento. O bacana também foi que todo este movimento foi beneficiente, nenhum artista recebeu para participar, foi realmente em prol do street art.
O projeto ficou durante meses na surdina, ninguém sabia de nada, sigilo total. Em 1o de Outubro, no primeiro noticiário da manhã, ouvi dizer que a torre estava oficialmente aberta. Fui direto! Difícil descrever ou contar a sensação quando cheguei perto, mas o que veio na hora foi: “Que bom que estou participando de tudo isso!”
Passei por uma fila giga de quase 3 horas, mas o playlist que estava tocando era bom e a fila melhor ainda. Tinha hipsters, nerds, grafiteiros da Banlieu de Paris, jovens desenhistas, advogados, arquitetos, publicitários, manos, donas de casas com os filhos, fotógrafos, e diversas nacionalidades. Enfim, uma energia boa de um grupo de pessoas que foram lá, pararam o seu dia (porque começa as 14 horas a visitação) para ver e compartilhar um trabalho bacana.
São nove andares ocupados pelo projeto, e entre eles 3 ou 4 apartamentos ainda estão habitados. A galeria colocou divertidos avisos dizendo “não bater ou incomodar, moramos aqui”. Cada andar, cada sala, cada parede visitada é uma experiência única que daqui a alguns dias não vai mais existir. Isso é muito bizarro, pela efemeridade desta arte tão incrível e que mais uma vez vai de encontro tão coerente com o projeto. Mas pensando por um outro ângulo, todos que visitaram e que compartilharam as fotos ou vídeos em suas redes já, de certa forma, eternizaram e fizeram com que fiquem registrado cada olhar único, de cada obra, cada experiência, da torre laranja do 13 arrondissement.
E não termina por aí. No dia 1 de novembro a torre sera demolida, porém dessa data até 11 de novembro, no site oficial da exposição, o público poderá salvá-la virtualmente. Ou seja, a partir do dia 1 de novembro, o site ficará em P&B. Conforme as pessoas vão acessando o site e clicando nas obras, estas, as mais clicadas, começarão a ficar coloridas. No final, as obras mais clicadas continuarão disponíveis no site, e enfim salvas, eternizadas. E para 2014, um documentário está por vir. Aguardem!
C’est tour, c’est cool. C’est: mes promenades à Paris. Bisous.’
Não deixe de ver as fotos do público no instagram – #tourparis13
O Sandro é o nosso francês com um pé no Brasil, ou será o contrário? Bon type, bon genre, multitasker, brander, A-traveller, é publicitário pela manhã, da moda à tarde e da cultura à noite. Observador, um eterno caçador de estilos, músicas, labels e “petits coins”, um bom vivant no melhor sentido do termo. Está sempre na aurora de tudo que está acontecendo. Segue Nietzsche com o coração: “Considero desperdiçado qualquer dia em que eu não tenha dançado”. Atualmente mora em Paris e divide conosco suas experiências em suas caminhadas. Se quiser acompanhar as andanças do Sandro: @sandro_accaries e #mespromenades
*Foto destaque: www.yourparis.fr













