Eu falei na minha bio e é a absoluta verdade, eu adoro trazer de lembrança das minhas viagens alguma coisa que possa ser pendurada na parede. Tanto que já estou ficando sem espaço. Eu adoro visitar grandes galerias e museus, ver exposições de artistas renomados e tal. Mas em qualquer cidade que visito eu fico de olho mesmo é naquelas pequenas galerias, lojinhas com trabalhos de artistas locais e feiras de rua, onde eu me jogo. Acabo sempre saindo com uma sacolinha, ou às vezes até umas sacolonas, e deixo para pensar em como trazer na hora de embarcar. Sempre trago coisas que, além de caber no bolso, contem uma boa história para mim. Mas no fundo eu sempre tenho aquele fio de esperança de ter descoberto um novo Picasso. Sonhar não custa nada, né?
Uma vez em Nova York, eu já estava cansado de tanto bater perna em Manhattan, e uns amigos mais ambientados aproveitaram o domingo gelado e cinza e me convidaram para um passeio de artes no Brooklyn, que estava acontecendo naquele final de semana. Era o A.G.A.S.T (Annual Gowanus Artists Studio Tour), um evento anual que reúne toda a comunidade de artistas e organizações ligadas a arte nos arredores do Gowanus Canal, e se estendendo até Cobble Hill, Carrol Gardens e Park Slope. Os artistas abrem seus estúdios, e os visitantes, entram, conhecem seus trabalhos, conversam, trocam experiências e, porque não, compram peças únicas a preços bem interessantes. Este ano, o A.G.A.S.T acontece em 19 e 20 de outubro, e vai contar com mais de 200 ateliês abertos à visitação.
Claro que não dá tempo de ver nem metade das coisas, mas não importa. Nós conseguimos visitar só cerca de 10 espaços, mas todos valeram à pena. O passeio pela região também é uma delícia. Cheia de townhouses de tijolo vermelho enfileiradas em ruas muito arborizadas, a área é linda. E como o evento acontece sempre nessa época, você acaba se deparando com as mais diferentes e divertidas decorações de Halloween, que os americanos não vivem sem. Nós ainda experimentamos algumas coisas inusitadas, como uma banquinha de limonada de dois meninos asiáticos, do lado de fora do estúdio da mãe. Claro que no frio que fazia, eles vendiam chá quente, mas eu me senti em um desenho do Charlie Brown por uns minutos. E ali perto ainda comemos um maravilhoso brunch com uovo affogato no Bocca Lupo.
No fim eu acabei com uma pasta de papelão gigante para carregar de volta para o Brasil. Arrematei um pequeno grande guache da artista Elyse Taylor. Quando entrei no seu estúdio, fiquei tonto com as paredes enormes forradas de trabalhos, um do lado do outro, como se fossem um enorme mosaico coloridíssimo. Além disso, ela é simpaticíssima. Ela nos contou toda sua trajetória, que começou em San Francisco nos anos 60, e continua evoluindo até hoje. Acabei pirando numa série antiga dela, dos anos 80, que estava empilhada e esquecida em um canto, e de lá escolhi a que seria minha e que agora decora a entrada da minha casa.
Se você estiver pelas bandas nessa época, não deixe de circular por lá. E se encontrar a Elyse, mande lembranças minhas.



